quinta-feira, 28 de março de 2024

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80% do potencial de geração de biogás é desperdiçado na Amazônia

Amostra de quatro estados aponta que 107 mil lares poderiam ser abastecidos

Um estudo do Instituto Escolhas, intitulado “Biogás na Amazônia: energia para mover a bioeconomia”, aponta que 80% do biogás da Amazônia é simplesmente desperdiçado. Isso se deve a falta de investimentos em tecnologia, que além de colaborarem com o meio ambiente, transformariam o problema do lixo em investimento de energia elétrica. Essa foi a primeira amostra do estudo e que reflete uma realidade da Amazônia. Em abril de 2021, será lançado o levantamento completo, com todos os estados da Amazônia Legal.

A amostra do estudo foi nos estados do Amazonas, Rondônia, Amapá e Roraima. A partir de resíduos sólidos urbanos (RSU) e restos da piscicultura, o potencial seria de gerar 136 milhões de m³ de biogás por ano. Isso significaria 283 GWh de eletricidade por ano, atendendo 107 mil residências e beneficiando 429 mil pessoas.

Desse potencial identificado no estudo, menos de 20% é aproveitado. A maioria dos municípios ainda não tem uma política adequada de destinação de resíduos sólidos e a presença de lixões ou aterros, sem recuperação de gases, faz parte da maior realidade no país. É o que explica Daiana Martinez, pesquisadora do estudo e Coordenadora de Transferência de Conhecimento do CIBiogás.

“Isso mostra que há uma oportunidade imperdível para que sejam direcionados investimentos a essas unidades, que passariam a tratar os resíduos e a gerar energia”, diz Daiana.

A gerente de projetos e produtos do Escolhas Larissa Rodrigues, que coordena o estudo, destacou a importância que o biogás pode ter para os municípios, especialmente os pequenos, servindo de atrativo para que eles se adequem ao marco legal de resíduos sólidos. “Com o biogás, o custo de conversão de lixões em aterros pode se tornar investimento, economizando na eletricidade de prédios públicos ou ainda permitindo a participação em leilões”, diz.

Biogás é um tipo de gás inflamável, produzido a partir de materiais orgânicos. Além de gerar energia, contribui para a destinação correta de resíduos e pode servir de impulso para a economia local. Se houvesse essa prática, o biogás poderia ter amenizado o apagão elétrico ocorrido em novembro, no Amapá.

A escolha da Amazônia para o estudo, observa o diretor executivo do Escolhas, Sergio Leitão, é para dar subsídios para o desenvolvimento da bioeconomia na região, incentivando atividades econômicas com conservação do meio ambiente. “É muito interessante ver que a partir de elementos da natureza podemos mover, promover e fazer acontecer a bioeconomia para a região amazônica, fundamental para gerar renda e manter a floresta em pé”, diz.

Leonardo Souza Marques, diretor de desenvolvimento tecnológico do CIBiogás, também apontou a relevância da parceria, destacando que o modelo aborda as características de cada região: “É muito importante entender o território e a partir desse entendimento definir estratégias para ampliar a sustentabilidade das ações, ampliando a competitividade e que aproveitam a disponibilidade de resíduos e substratos”, disse Leonardo.

Veja os destaques por estado:

– Amapá: potencial para gerar o equivalente a 31 GWh/ano de eletricidade, o que significaria 12 mil residências atendidas e 50 mil pessoas beneficiadas

– Amazonas: potencial para gerar o equivalente a 160 GWh/ano de eletricidade, o que significaria 60 mil residências atendidas e 242 mil pessoas beneficiadas

– Rondônia: potencial para gerar o equivalente a 69 GWh/ano de eletricidade, o que significaria 26 mil residências atendidas e 104 mil pessoas beneficiadas


– Roraima: potencial para gerar o equivalente a 24 GWh/ano de eletricidade, o que significaria 9 mil residências atendidas e 36 mil pessoas beneficiadas

(Fonte: Instituto Escolhas, com edição de Victor Furtado, da Redação Fato Regional)