A aldeia Gorotire, na Terra Indígena Kayapó, em Cumaru do Norte, foi palco da aula inaugural do curso de Licenciatura Intercultural Indígena: Habilitação em Linguagens – Ensino de Línguas em Contextos Bi/Multilíngues. A graduação é ofertada pela Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), com apoio da prefeitura. O ano letivo deve começar em setembro deste ano.
“O novo curso objetiva a formação e habilitação de professores/pesquisadores indígenas para o exercício docente no Ensino Fundamental e Médio na área da Linguagem, com vistas ao ensino e à aprendizagem da Língua Mebengokré como primeira língua (L1) e da Língua Portuguesa como segunda língua (L2), conforme a realidade sociolinguística e a diversidade sociocultural do povo Kayapó”, diz nota da Unifesspa sobre o curso.
Os caciques Bepydji Kayapó e Beptum Kayapó falaram da alegria da chegada do curso e da universidade na aldeia, principalmente pelo fato de ser ofertado dentro da própria aldeia e por viabilizar a eles aprenderem a escrever na própria língua e a produzirem materiais para promover a Educação Escolar Indígena na própria aldeia. Os caciques agradeceram aos professores da Unifesspa e à Prefeitura Municipal de Cumaru do Norte pela realização do curso e pediram aos alunos que se dediquem e se esforcem para concluir.
Formando em Licenciatura Intercultural Indígena, pela Uepa, o prof. Beko Kayapó fez a fala de encerramento da aula inaugural. Beko destacou a importância do Ensino Superior para o povo Kayapó e afirmou que o curso possibilitará a eles se tornarem professores das suas crianças e dos seus jovens, a ensinarem a língua do seu povo e a Língua Portuguesa na sua aldeia, a partir da sua cultura, das suas tradições. “Isso tem grande relevância para o reconhecimento do nosso povo. Teremos dificuldades, mas é necessário persistir, pois a formação superior abre muitas portas”, disse.
Para a coordenadora do curso, profa. Dra. Rosimar Regina Oliveira, os povos indígenas enfrentam dificuldades por não terem a Língua Portuguesa como língua materna. E assim, povos originários têm de conviver com outro funcionamento linguístico e sócio-histórico, abrindo mão da sua cultura, das suas tradições e da convivência com o seu povo. “Este curso vem romper com este funcionamento, pois este povo não precisará se submeter a essas adversidades, uma vez que o curso será ofertado na própria aldeia, partindo da língua, da cultura, das tradições deste povo”, declarou.
A Profa. Dra. Maura Pereira dos Anjos, coordenadora Institucional do Parfor – Unifesspa, aproveitou o momento e prestou homenagens a Tuíre Kayapó pela luta em defesa do território e mencionou a importância dos frutos dessa luta, como o direito à educação escolar indígena.
(Victor Furtado, da Redação do Fato Regional, com informações da Unifesspa)
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