‘Vou livrar o Brasil desse cara’: Homem investigado por ameaça a Lula no Pará faz apologia ao Nazismo

Reportagem da revista Cenarium revelou que Manoel dos Santos Ferreira Junior — que nas redes sociais se identificava como Júnior Sanches — fez uma ameaça que a PF considerou de risco real de execução. Morador de Belém e motorista de aplicativo, ele usa na moto símbolos nazistas e foi mantido sob monitoramento durante a passagem de Lula pelo Pará. Saiba quem é.
Manoel, que nas redes se identificava como Júnior Sanches, disse que mataria Lula e 'vou preso, mas vou feliz' (Foto: Reprodução / Redes Sociais)

O homem que ameaçou matar Lula (PT), durante a passagem do presidente pelo Pará, na semana passada, faz apologia ao Nazismo. Trata-se de Manoel dos Santos Ferreira Junior — que nas redes sociais se identificava como Júnior Sanches —, revelado após uma reportagem investigativa da Revista Cenarium, assinada por Fabyo Cruz e Marx Vasconcelos. A moto do suspeito tem adesivos com referências a um dos mais cruéis regimes da história.

“Dessa vez vou conseguir chegar perto. Lula vai se arrepender de ter nascido. Eu vou livrar o Brasil desse cara, vou preso, mas vou feliz”, publicou Manoel “Júnior Sanches”, nas redes sociais. Para a Polícia Federal, a ameaça tinha fundamento e era preocupante. Foi colocada uma tornozeleira eletrônica nele para monitoramento e ele teve a liberdade restrita.

Pela reportagem da Cenarium, fontes confirmaram que ele procurava conteúdos nazistas na internet e em redes sociais, tinha posicionamentos extremistas, além de seguir uma loja chamada “Luftwaffe Supplies”. O local diz vender artigos históricos, com fins de coleção e estudo, porém, parece focada em produtos alusivos ao Nazismo. Comumente, pessoas que por alguma razão se identificam com a ideologia nazista, seguem a loja.

A moto de Manoel, com a Cruz de Ferro, honraria nazista, junto ao termo ‘Luftwaff’, nome da Força Aérea da Alemanha Nazista (Foto: ₢Marx Vasconcelos / Revista Cenarium / Todos os direitos reservados)

Luftwaffe era o nome da Força Aérea da Alemanha durante o regime nazista de Adolf Hitler. Na moto de Manoel, há um adesivo da “Cruz de Ferro”, uma condecoração nazista com o nome da Luftwaffe. As fontes ouvidas pela reportagem dizem que havia mais símbolos, mas foram removidos. O homem trabalha como motorista de aplicativo. Ele é de uma família pobre de Belém.

A mãe dele foi entrevistada pelos jornalistas — por sinal, eleitora de Lula — disse que ele tinha posicionamentos ideológicos fortes e sempre criticava o presidente petista. Porém, disse que o filho não é bandido e que está buscando assessoria jurídica para que a tornozeleira eletrônica seja removida e ele não seja mais prejudicado pelo que ela considera uma “infantilidade”.

“A polícia invadiu minha casa como se eu fosse uma criminosa. Só soube do que estava acontecendo quando já estavam revirando tudo. Eles estavam atrás de armas. Ele não tem arma, nunca brigou. Foi uma infantilidade dele. Agora está envergonhado, desempregado e usando tornozeleira. Todo mundo olha diferente para quem usa isso”, disse a mãe dele, uma mulher com deficiência, baiana e negra. Um série de características odiadas por nazistas.

Apesar de paraense, Manoel morou por três meses em Santa Catarina e se identificava com o povo sulista do Brasil, que tem entre muitas ascendências, a alemã. É um estado que, culturalmente, é mais conservador e um reduto da extrema-direita brasileira. As preocupações da PF aumentaram devido o contexto radical de polarização política e casos como do “Tiü França”, que cometeu um atentado à sede do STF.

No Brasil, a incitação ao preconceito quanto o uso de símbolos nazistas é crime previsto pela Lei 7.716/89, que estabelece que praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional resulta em pena de reclusão de um a três anos e multa.

O Fato Regional respeita o princípio da presunção de inocência e sempre abre espaço para a defesa dos mencionados em casos policiais — se os advogados ou envolvidos acharem conveniente quaisquer manifestações —, garantindo amplo direito ao contraditório.

(Da Redação do Fato Regional, com informações da Revista Cenarium)


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