Pesquisa da UFSCar investiga vespas parasitoides no Amazonas e seu potencial no controle de pragas na mandioca

O projeto conta com apoio da Fapesp e o estudo foca na superfamília Ichneumonoidea, que pertence à ordem Hymenoptera — a mesma de abelhas e formigas.
O estudo foca na superfamília Ichneumonoidea, que pertence à ordem Hymenoptera — a mesma de abelhas e formigas. (Foto: Divulgação)

Uma pesquisa desenvolvida na área de Ecologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) está mapeando a diversidade de vespas parasitoides no interior do estado do Amazonas, com foco em seu papel no controle biológico natural de pragas que afetam lavouras de mandioca cultivadas por pequenos produtores.

“Embora muitos insetos parasitoides atuem como agentes naturais de controle biológico, ainda há poucas informações sobre essas espécies, especialmente no caso da mandioca, cultura essencial para a subsistência na região Norte do Brasil”, explica Gabriela do Nascimento Herrera, doutoranda da UFSCar e responsável pelo estudo.

“A Amazônia é um dos biomas com maior escassez de dados sobre vespas parasitoides. Essa lacuna se estende tanto em termos horizontais quanto verticais, deixando vastas áreas ainda inexploradas.”

O projeto conta com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), por meio de um Projeto Temático coordenado pela professora Angélica Maria Penteado Martins Dias, também da UFSCar.

O estudo foca na superfamília Ichneumonoidea, que pertence à ordem Hymenoptera — a mesma de abelhas e formigas. Essa é a maior superfamília da ordem e inclui espécies que desempenham papéis ecológicos importantes, como a polinização e, principalmente, o controle biológico de pragas agrícolas.

Amazônia preservada é foco da pesquisa

A pesquisa investiga como a diversidade, riqueza e abundância dessas vespas variam em diferentes estratos da floresta — solo, sub-bosque e dossel — ao longo das estações do ano. A coleta dos insetos está sendo realizada mensalmente em áreas de mata nativa e lavouras de mandioca no município de Guajará (AM), entre maio de 2025 e fevereiro de 2026.

“Escolhi a Amazônia por causa da falta de estudos na região e também por ser a minha terra natal”, afirma Herrera. “O interior do Amazonas ainda é pouco explorado cientificamente. As dificuldades de acesso e o isolamento de algumas áreas contribuem para isso, mas acredito que justamente por ser uma área preservada, o potencial ecológico é enorme.”

Além do levantamento da fauna de vespas, o trabalho busca identificar diferenças entre os ambientes de mata nativa e lavouras, apontando espécies que possam ser usadas como alternativas naturais no manejo de pragas da mandioca.

“A maioria dos agricultores da região são pequenos produtores, que ainda utilizam práticas tradicionais, com pouco uso de defensivos agrícolas e maquinário. Isso favorece a preservação ambiental e pode abrir espaço para métodos mais sustentáveis de cultivo”, observa a pesquisadora.


(Da Redação do Fato Regional, com informações da Fapesp).

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