SBP alerta para riscos da ‘adultização’ infantil e solicita urgência na lei digital

Documento da SBP foi encaminhado a Hugo Motta e destaca riscos de exposição de crianças e adolescentes a conteúdos sexuais e nocivos on-line. O texto já passou pelo Senado.
Imagem/Ilustração

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) solicitou, nesta terça-feira (12), à Câmara dos Deputados, urgência na aprovação do Projeto de Lei (PL) nº 2.628/2022, que estabelece regras e mecanismos para prevenir, identificar e coibir o abuso e a exploração sexual infanto-juvenil em plataformas digitais. O texto já passou pelo Senado.

O pedido foi encaminhado ao presidente da Câmara, Hugo Motta, e a outros parlamentares. O documento enfatiza que é dever do Estado, da sociedade, das famílias e das empresas garantir que crianças e adolescentes cresçam livres de violência. “Não há mais espaço para complacência”, afirmou a SBP.

“Todos os dias, histórias de crianças e adolescentes feridos física ou emocionalmente, ou expostos a violências em razão de conteúdos inadequados para sua faixa etária, demonstram que a regulamentação não pode esperar. Cada dia sem essa proteção é um dia a mais de risco para milhões de crianças”, destaca a entidade.

Segundo a SBP, em 2024, a Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos da SaferNet Brasil registrou pelo menos 53 mil novas denúncias de imagens de abuso e exploração sexual infanto-juvenil.

“O quadro sinaliza riscos graves no ambiente digital, estimulando práticas como a cultura da sexualização, nudez e pornografia infantil, sexting, sextorsão, estupro virtual, grooming e o uso criminoso de deep fakes para manipulação de imagens”, alerta o documento.

A SBP também reforça que é inaceitável que empresas de tecnologia mantenham ambientes virtuais onde circulam livremente conteúdos ilegais e de altíssimo risco, sem ações rápidas e eficazes para sua remoção.

“É igualmente inaceitável que a privacidade e a segurança de crianças e adolescentes não sejam prioridade máxima na concepção e operação desses sistemas, e que o lucro se sobreponha à vida e à integridade deles”, acrescenta a entidade.

O tema ganhou repercussão após denúncias do influenciador Felca Bress contra perfis que utilizam crianças e adolescentes com pouca roupa. Foto: felca0/Instagram – felca0/Instagram

Repercussão e pauta na Câmara

O presidente da Câmara, Hugo Motta, afirmou nesta segunda-feira (11) que vai pautar projetos que combatam ou restrinjam o alcance de perfis e conteúdos nas redes sociais que promovam a adultização de crianças e adolescentes.

O tema ganhou repercussão após denúncias do influenciador Felca Bress contra perfis que utilizam crianças e adolescentes com pouca roupa, dançando músicas sensuais ou falando de sexo em vídeos divulgados nas plataformas digitais.

“O vídeo do Felca sobre a ‘adultização’ das crianças chocou e mobilizou milhões de brasileiros. Esse é um tema urgente, que toca no coração da nossa sociedade. Na Câmara, há uma série de projetos importantes sobre o assunto.

Nesta semana, vamos pautar e enfrentar essa discussão”, afirmou Motta em uma rede social.

O influenciador tem denunciado perfis com milhões de seguidores que utilizam crianças e adolescentes em situações consideradas adequadas apenas para adultos, com o objetivo de aumentar visualizações e monetizar os conteúdos.


(Da Redação do Fato Regional, com informações da Agência Brasil).

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