Dois anos após a chacina de Pau D’arco, que vitimou 10 trabalhadores rurais no sudeste do Pará, as 16 pessoas denunciadas pela Justiça estão em liberdade, entre elas, os policiais que já podem voltar a usar armas.
Nesta sexta-feira (14), em Redenção, sudeste do estado, representantes de entidades que defendem os direitos humanos visitaram o cemitério onde as vítimas estão enterradas e prestaram homenagens. “A sensação é que o império da impunidade não tem dia para acabar”, diz o padre Paulinho Joanil, da Comissão Pastoral da Terra.
A chacina ocorreu na Fazenda Santa Lúcia quando policiais foram ao local para cumprir 14 mandados de prisão preventiva e temporária contra suspeitos de envolvimento no assassinato de um segurança da fazenda. Inicialmente, a versão apresentada foi de que os policiais foram recebidos a tiros e reagiram. No entanto, não houve indícios de troca de tiros. Entre as vítimas, não houve nenhum policial. A reconstituição do crime mostra que os policiais atiraram contra o acampamento onde estavam as vítimas. Segundo o inquérito, provas foram manipuladas e a cena do crime foi alterada antes da chegada da equipe de policiais.
“Não houve a possibilidade de ouvir os peritos e acabou tendo muita contradição entre o depoimento das testemunhas e o que dizia o laudo pericial. Até o presente momento, O Ministério Público não conseguiu individualizar a conduta de cada acusado. Então como é que nós podemos fazer a defesa se não sabermos a acusação do nossos clientes?”, questiona Felipe Alves, advogado defesa de oito PMs.
Os 12 policiais militares e quatro policiais civis acusados de participar da chacina estão em liberdade. A data do julgamento não foi marcada. “O MP trabalha com a ideia de fazer o desaforamento do julgamento. Essa medida se justificaria em virtude do fato de os réus serem policiais e que são da região. Então é natural que esse julgamento provoque um clima de instabilidade na região”, diz Leonardo Caldas, promotor de Justiça.
Fonte: G1 Pará