sábado, 23 de novembro de 2024

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Atendimento de segurados do INSS pode levar até um ano no Pará

Espera aumentou após a implantação da plataforma digital e pela falta de servidores suficientes

O problema das filas para a concessão de benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que atinge cerca de 2 milhões de brasileiros em todos os estados, envolve também o atraso nos chamados serviços de manutenção de benefícios no Pará. O que significa que além da espera para que os requerentes possam ter seus pedidos analisados, as pessoas que já recebem os valores encontram dificuldades na hora de renovar dados como, por exemplo, o nome da pessoa que pode receber a aposentadoria por um idoso, o procurador, ou as informações de uma nova conta bancária.

O tempo para que os atendimentos de manutenção sejam feitos aumentou de 15 dias para até um ano em alguns casos, de acordo com uma servidora do órgão que preferiu ter sua identidade resguardada. De acordo com ela, a lentidão começou a ocorrer a partir do fim de 2017, quando a plataforma virtual INSS Digital passou a concentrar as solicitações. “Tudo está em atraso, não apenas os pedidos represados de benefícios, como estão fazendo acreditar. E a razão é o fato de não termos servidores suficientes voltados para alimentar os sistemas do INSS Digital. A pessoa dá entrada em um pedido de concessão ou de administração de um benefício e pode ficar até quase um ano para ter respostas”, afirma.

“Quando uma pessoa deixa de sacar o benefício em um tempo de até três meses, por um motivo qualquer, o dinheiro volta para o INSS. Para solicitar o depósito novamente, a pessoa esperava, antigamente, apenas algumas semanas. Agora isso está levando até sete meses”, exemplifica a mesma servidora. Outro funcionário do INSS, que também não quis se identificar, afirma que “o atraso na concessão é o mesmo problema de sempre: a falta de servidores em relação a demanda enorme”.

Mateus Teixeira, de 15 anos, possui uma síndrome que atinge o sistema neurológico e o impede de caminhar, por isso necessita de cadeira de rodas e cuidados especiais, que eram custeados pelo benefício do INSS que recebia há 10 anos. Segundo a sua mãe, a dona de casa Sílvia Teixeira, completou recentemente cinco meses que o dinheiro não é liberado. A família foi morar no estado de Mato Grosso no ano passado, e conseguiu a transferência do pagamento para a nova residência, no entanto, quando decidiram retornar para o Pará, para Ananindeua, onde estão fixados agora, ocorreram erros burocráticos e demoras na execução da mudança pelo INSS, que estão impedindo o recebimento do montante.

Em uma agência do instituto em Belém, enquanto aguardava na fila durante a manhã desta quarta-feira (15), Socorro Oliveira, de 58 anos, relatou que solicitou o Benefício de Prestação Continuada (BPC) em 2018, mas ainda não obteve resposta. “Eu e minha filha fizemos o cadastro na agência do Jurunas, mas agora precisei vir para cá. Lá, acho que fomos mais de 10 vezes e a resposta era sempre a mesma: ainda está em análise. Estou aqui hoje para ver se algo mudou”, contou.

Socorro foi diagnosticada com um tipo de anemia e por isso precisou parar de trabalhar no Comércio. “Mas agora estou trabalhando como costureira, para contribuir com a renda da família. Foi a única forma que encontrei (de ajudar), já que não posso carregar peso. Estou aqui com todos os documentos que comprovam a minha solicitação”, enfatizou.
Já Maria da Glória Santana, de 66 anos, atendente de consultório odontológico, faz parte do grupo que aguarda com ansiedade a aposentadoria, mas ainda sem sucesso. “Fiz o pedido pela internet (INSS Digital) há um ano, mas ainda não me deram nenhum retorno. Não aguento mais trabalhar, na minha idade é cansativo. Vim aqui hoje porque quarta-feira é o único dia em que consigo ter folga”.

Como resposta aos noticiários que denunciam a extensão das filas, o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, anunciou na terça-feira (14) que 7 mil militares da reserva vão reforçar o atendimento no INSS, com o objetivo de zerar as filas até setembro.


Perguntado sobre os dados regionais de espera e sobre os serviços de manutenção, o INSS Pará não se pronunciou até o fechamento da edição.

 

 

Fonte: O Liberal