O Laboratório Central do Estado (Lacen-PA) já está preparado para analisar amostras de casos suspeitos do novo coronavírus (2019-nCoV), com capacidade de processar até 160 amostras por dia, para identificação de vírus respiratórios. Os detalhes desse trabalho foram informados nesta quinta-feira (6), pelo diretor do Lacen-PA, Alberto Júnior; pela vice-diretora, Valnete Andrade; e pela gerente da Divisão de Biologia Médica, Patrícia Sato.
As unidades de saúde que atenderem a casos suspeitos da doença devem coletar uma amostra por meio de aspiração, swab nasofaríngeo ou amostra de secreção respiratória inferior e encaminhar ao Lacen-PA, que será a retaguarda estadual para o diagnóstico inicial dos casos suspeitos de coronavírus.
Análise – No Lacen-PA, a amostra será dividida em duas alíquotas, uma para análise no próprio Laboratório e a outra para envio ao Laboratório de Referência Nacional, para análise específica do coronavírus. “Então, o papel do Lacen-PA, neste momento, será de capacitar os Hospitais Regionais e os Centros Regionais de Saúde da Sespa sobre como coletar a amostra e fazer o transporte para o laboratório”, disse o diretor Alberto Júnior.
A vice-diretora Valnete Andrade informou que a amostra será analisada em painel de vírus respiratórios pelo método RT-PCR Biologia Molecular, conforme preconizado pelo Ministério da Saúde, que é utilizado pelo Lacen-PA para pesquisa de diversos vírus dessa natureza, tais como influenza A e B e H1N1 entre outros, o que já é uma rotina do Laboratório. Ela informou sobre cuidados fundamentais com relação à coleta e manuseio da amostra. “Deve ser encaminhada em até 72 horas, para chegar aqui em condição adequada para análise, pois a demora pode inviabilizar o diagnóstico”, disse.
O trabalho será realizado pela Seção de Virologia 1 da Divisão de Biologia Médica, contando com uma equipe de 11 profissionais, sendo cinco farmacêuticos-bioquímicos e seis técnicos de laboratório. Para a realização das análises, será utilizado um termociclador, equipamento específico para pesquisa na área de biologia molecular.
A gerente da Divisão de Biologia Médica, Patrícia Sato, explicou que o Lacen-PA vai pesquisar a presença de outros vírus respiratórios porque a possibilidade de uma coinfecção de coronavírus com outros vírus respiratórios é mínima, abaixo de 2%. “Provavelmente, se na primeira análise der outro vírus respiratório, dificilmente ele vai ter coronavírus”, informou.
A metodologia para identificação do novo coronavírus é muito recente por isso que, no momento, apenas o Laboratório de Referência Nacional tem disponíveis os primers (cadeia genética específica) para análise, que também é feita por meio de RT-PCR. Assim, Valnete acredita que, caso ocorra epidemia, em futuro breve, os Laboratórios Centrais estarão aptos a realizar essa análise. “Nós temos a metodologia, temos equipamentos e o pessoal capacitado, porém, não temos ainda os primers para fazer o exame”, enfatizou Valnete.
Diretores do Lacen-PA com a equipe da Divisão de Biologia Médica – Foto: José Pantoja/Sespa
Insumos – Segundo Alberto Júnior, a principal providência tomada pela instituição para esse momento foi a aquisição de insumos, ou seja, material de coleta, de acondicionamento e equipamentos de proteção individual (EPIs).
Conforme Patrícia Sato, o Lacen-PA já fornece aos municípios os materiais para coleta de amostras de pacientes com doença respiratória nas unidades de saúde.
“A coleta do coronavírus vai funcionar no mesmo esquema dos vírus respiratórios, só que como a gente espera uma demanda maior, estamos nos preparando, adquirindo mais insumos, para não faltar no estoque dos municípios” – Patrícia Sato, gerente de Biologia Médica.
Em relação aos hospitais da rede privada, a maioria deles já recebeu capacitação do Lacen-PA sobre coleta e manuseio de amostras para análise de vírus respiratórios . Essas unidades de saúde devem seguir o mesmo fluxo da rede pública, ou seja, vão coletar as amostras e encaminhar para o Laboratório Central, que fará os demais encaminhamentos.
Capacitação – O Lacen-PA, juntamente com o Departamento de Epidemiologia (Depi), realizará uma capacitação para profissionais dos Centros Regionais de Saúde e Municípios que ainda não fizeram o treinamento de coleta de amostras de vírus respiratórios. “Os que já fizeram não precisam fazer novamente. Nosso foco inicial, agora, são os hospitais e unidades de pronto atendimento, que é para onde os pacientes vão ao sentir mal”, ressaltou Alberto Júnior.
Na quinta-feira (6), foi realizada uma vídeoconferência com as Regionais e Municípios organizada pelo Depi, que contou com a participação da farmacêutica gerente da equipe de Virologia 1 do Lacen-PA, Ilvanete Almeida, que apresentou todo fluxo laboratorial às equipes de saúde.
Valnete Andrade ressaltou, por fim, que o Laboratório Central faz a vigilância laboratorial, mas ele necessita que a Vigilância em Saúde funcione bem, para que seja respeitado o protocolo para casos suspeitos de coronavírus, evitando a banalização, caso haja uma epidemia no Brasil.
“Quando isso não acontece, o laboratório não dá conta, porque todo mundo passa a ser suspeito sem ser de fato, surgindo uma avalanche de amostras, perdendo-se o foco dos casos verdadeiramente suspeitos, conforme protocolo”, alertou a vice-diretora do Lacen-PA. “Nós precisamos que os hospitais e as UPAs sigam o protocolo que foi apresentado, para não acontecerem distorções em que o paciente não se enquadra nos critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde” – Alberto Júnior, diretor do Lacen-PA.
Caso Suspeito
De acordo com o Ministério da Saúde, é considerado caso suspeito de infecção humana pelo 2019-nCoV o indivíduo que:
1 – Apresentar febre e pelo menos um sinal ou sintoma respiratório (tosse, dificuldade para respirar, batimento das asas nasais entre outros) e histórico de viagem para área com transmissão local, de acordo com a OMS, nos últimos 14 dias anteriores ao aparecimento dos sinais ou sintomas;
2 – Apresentar febre e pelo menos um sinal ou sintoma respiratório (tosse, dificuldade para respirar, batimento das asas nasais entre outros) e histórico de contato próximo de caso suspeito para o coronavírus (2019-nCoV), nos últimos 14 dias anteriores ao aparecimento dos sinais ou sintomas;
3 – Apresentar febre ou pelo menos um sinal ou sintoma respiratório (tosse, dificuldade para respirar, batimento das asas nasais entre outros) e contato próximo de caso confirmado de coronavírus (2019-nCoV) em laboratório, nos últimos 14 dias anteriores ao aparecimento dos sinais ou sintomas.
Serviço: os profissionais de saúde que precisarem de mais informações podem entrar em contato com o Lacen-PA pelo e-mail gtrelab@hotmail.com ou pelo telefone (91) 3202-4912.
Fonte: Agência Pará