‘Quem teria interesse na morte do Gordo do Aurá?’, questiona mãe do vereador executado

Parlamentar foi executado em uma emboscada ao sair do Pronto Socorro Municipal Mário Pinotti, em Belém. Crime completa um ano nesta sexta e ninguém foi preso.
Conhecido como "Gordo do Aurá", o vereador Deivite Galvão foi eleito em 2012 pelo DEM, e reeleito em 2016 pelo mesmo partido. — Foto: Ary Souza

“Quem teria interesse na morte do Gordo do Aurá?”, questiona Neide Araújo, mãe do vereador Deivite Araújo Galvão, de Ananindeua, município da região metropolitana de Belém. O parlamentar foi executado em uma emboscada ao sair do Pronto Socorro Municipal Mário Pinotti, em Belém. O crime completou um ano nesta sexta-feira (21) e ninguém foi preso.

“Não vem essa resposta. Meu filho não é menor que ninguém, então isso é uma coisa que me incomoda muito. (A resposta do crime) vai talvez melhorar as minhas noites de sono, porque só eu e Deus sabemos como têm sido essas noites”, desabafa Neide.

A Polícia Civil disse que as investigações seguem, mas em sigilo. Uma força-tarefa continua no caso, segundo a Polícia.

O crime ocorreu na av. Pedro Miranda, a menos de um quilômetro do PSM da 14. O carro onde estavam o parlamentar, a mulher dele e um motorista de aplicativo foi perfurado mais de trinta vezes pelos tiros durante o ataque.

Gordo do Aurá tinha levado a filha para o hospital. Ela lembra que saía da consulta quando soube do crime, pelos corredores. “Quando o médico me deu alta, fui andando pelo corredor e escutei várias pessoas comentando, mas não quis acreditar. Eu chorei, gritei e pedi tanto a Deus para não tirar meu pai de mim”, conta Aline Vitória Galvão.

À época do crime, a Polícia disse que os executores seguiram o vereador até o PSM. Dois carros suspeitos estacionaram à frente do hospital, vinte e cinco minutos antes da saída da vítima, que foi perseguida até o local do atentado.

O histórico do vereador com o narcotráfico chegou a ser uma das linhas de investigação consideradas pela Polícia. Quatro hipóteses foram levantadas pela Polícia à época. O enterro do parlamentar foi acompanhado por centenas de pessoas.

“A gente precisa saber quem foi que causou isso, quem tirou meu pai de mim. Sei que nada vai me trazer ele de volta, mas vai ser um alívio saber que as pessoas que fizeram isso vão pagar”, afirmou Aline.

Carro que transportava vereador e esposa foi alvejado diversas vezes a luz do dia. — Foto: Ascom/PM
Carro que transportava vereador e esposa foi alvejado diversas vezes a luz do dia. — Foto: Ascom/PM

Prisões e atentado

Deivite Galvão foi eleito vereador de Ananindeua, em 2012, pelo DEM, e reeleito em 2016 pelo mesmo partido. Em 2013, ele foi alvo de um atentado. Quando chegava ao prédio da Câmara de Vereadores de Ananindeua, foi baleado por um motoqueiro armado, que fez vários disparos.

De acordo a Polícia Civil, o vereador responde por dois crimes: em 2006, foi apontado como suspeito de homicídio, e em 2011 foi preso por tráfico de drogas e associação ao tráfico, no distrito de Mosqueiro.

Em setembro de 2018, Deivite foi preso por suposta ligação com tráfico de drogas e por integrar facção criminosa. A ação da Polícia que culminou na prisão do vereador ocorreu no residencial do “Programa Minha Casa, Minha Vida”, que à época havia sido ocupado há cerca de dois anos.

De acordo com as investigações, o local servia como abrigo para foragidos e para gerenciamento do tráfico de drogas. Uma determinação da Justiça libertou o parlamentar.

Vereador de Belém comemora morte

Após a confirmação da morte, um vereador de Belém, Sargento Silvano (PSD), divulgou vídeo nas redes sociais comentando o caso. Nas imagens, o sargento comemora a morte e faz ironias sobre o assassinato: “Hoje é dia da gente comemorar. Vou fazer uma festa!”, afirmou.

Fonte: G1 Pará

Leia mais