domingo, 24 de novembro de 2024

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Garimpeiros podem levar coronavírus a território indígena e causar genocídio, diz procurador

Terra Yanomami é a mais vulnerável à covid-19 na Amazônia. Estima-se que 20 mil garimpeiros estejam infiltrados na região.
Foto: Victor Moriyama/ISA

De acordo com análise do procurador de Justiça de Roraima, Edson Damas, que recebeu denúncias sobre a continuidade de invasão de garimpeiros, a ativdade na Terra Yanomani em meio à pandemia do coronavírus pode levar a um terceiro ciclo de genocídio dos povos que vivem no território indígena. Um estudo elaborado pelo Instituto Socioambiental (Isa) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) aponta que Terra Yanomami é a mais vulnerável ao coronavírus entre as regiões indígenas da Amazônia.

Com 9 mil hectares distribuídos entre os Estados de Roraima e Amazonas, a terra abriga 26.780 indígenas e é a maior do Brasil. A estimativa é de que cerca de 20 mil garimpeiros estejam infiltrados no território. Roraima não possui garimpos legalizados.

“Vemos que quem pode levar mesmo o vírus lá para dentro são os garimpeiros, porque saem da cidade e acabam tendo contato com os indígenas. Eles atraem os índios com comida e bebida. Se esse vírus se espalhar dentro da terra indígena, essa pandemia vai causar um genocídio lá dentro”, afirmou Damas.

Desde março, quando surgiram os primeiros casos de coronavírus em Roraima, a Fundação Nacional do Índio (Funai) limitou o acesso às comunidades indígenas a agentes do órgão e profissionais de atividades essenciais. No entanto, a medida não intimidou os garimpeiros e, segundo o procurador, os moradores relatam que aumentou muito o fluxo de entrada destes garimpeiros, inclusive, neste momento de pandemia.

De acordo com o coordenador do programa de Monitoramento do Isa, Antonio Oviedo, além da invasão de garimpeiros, as falhas no sistema de saúde e a falta de políticas públicas específicas agravam a pandemia nas comunidades. A Terra Yanomami fica a 246 km de Boa Vista, onde fica o Hospital Geral de Roraima (HGR), o único do Estado. Quanto mais distante dos centros urbanos uma área indígena se encontra, mais vulnerável ela é considerada pela pesquisa.

Damas acompanha a situação dos povos indígenas de Roraima há décadas e afirmou que este pode ser o terceiro genocídio sofrido pelos Yanomami – houve um surto de sarampo em 1968 e a abertura da perimetral Norte em 1980, ambos ocasionando milhares de indígenas contaminados com doenças.


No caso do coronavíris, a primeira morte de indígena no Brasil foi o adolescente Yanomami, Alvanei Xirixana, de 15 anos. Ele vivia na região da Comunidade Xirixana, região do município de Alto Alegre, ao norte de Roraima. Um levantamento do Isa mostra que 106 indígenas, de diversas etnias, já fora infectados em Roraima e quatro mortes foram registradas pelos distritos sanitários especiais indígenas (DSEI) Leste e Yanomami.

 

 

Com informações do G1