A Federação das Associações do Município do Estado do Pará (Famep) é contra a realização de eleições neste ano. Nem mesmo a proposta de adiar o pleito de outubro para novembro tem a concordância dos gestores públicos municipais, diante do cenário de pandemia que o País ainda se encontra.
Wagne Machado, prefeito de Piçarra e presidente da Famep, afirma que com a eleição em outubro “a democracia será arranhada”, pois nessa data, as pessoas que estão no grupo de risco serão impedidas de participar do processo eleitoral, “porque vai estar no risco de incidir numa nova etapa de pandemia. Da mesma forma se fizermos em dezembro. Antes de definir a data, a gente precisa analisar melhor do ponto de vista da saúde, sanitário, econômico e político”, declarou.
Juntamente com entidades municipalistas de outros estados, ele participou, no dia 12 de junho, de reunião com o Conselho Político da Confederação Nacional de Municípios (CNM), para debater o tema. Ainda não definição sobre mudanças na data do pleito, mas segundo o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso, os eleitores devem ir às urnas entre os dias 15 de novembro e 20 de dezembro, conforme discussões com especialistas em saúde, lideranças partidárias e os presidentes da Câmara e do Senado, já que qualquer alteração na data precisa passar pelo Congresso.
Para Wagne, é prematuro afirmar que a eleição deverá acontecer em outubro ou dezembro, sem estudos científicos que possam dar clareza sobre como estará a infecção pelo novo coronavírus nesse período. Ele defende estudos mais aprofundados, com consultas ao Congresso e a cientistas. “A CNM sempre defendeu que se fosse possível, que pudesse fazer as eleições em um momento com segurança sanitária, mas não há como defender as eleições em outubro ou dezembro sem ter estudo eficaz”.
O presidente da Famep explica que a Confederação Nacional sugere eleições no ano que vem, numa data segura e que permita o pleito ocorrer de forma equilibrada. Além dos riscos na hora da votação, ele entende que eleição em outubro e dezembro praticamente inviabilizaria o chamado “corpo-a-corpo” com eleitores nas ruas durante a campanha. “Não iria permitir que os eleitores pudessem ajudar os candidatos a fazer seu programa de governo”, argumenta.
Para Wagne, também pode prejudicar a transição do mandato, já que a posse deve acontecer logo no início do ano. “A transição seria possível por força da lei, mas não seria feita de forma equilibrada. Como você vai fazer transição de governo se o eleito já assume em janeiro?”, questiona.
Fonte: O Liberal