sábado, 23 de novembro de 2024

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Manguezais e restingas não são mais áreas de proteção permanente

Também foram eliminadas resoluções que exigiam licenciamento para projetos de irrigação e queima de resíduos de agrotóxicos e outros insumos em fornos industrais
Ex-presidenta do Ibama considerou a agenda de desproteção ambiental do governo Bolsonaro, representado pelo ministro Ricardo Salles, um retrocesso. (Foto: Reprodução / YouTube)

Com o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) controlado, quase majoritariamente, pelo Governo Federal, manguezais e restingas não são áreas de proteção permanente (APPs). A decisão foi tomada numa reunião, nesta segunda-feira (28), que revogou as resoluções 302/2002 e 303/2002. A reunião foi tumultuada. Houve tentativa de cancelá-la até judicialmente. O Ministério Público Federal (MPF) já adiantou que vai recorrer da decisão do conselho, presidido, atualmente, pelo ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente.

O fim das duas resoluções, agora as restingas, áreas litorâneas e praianas, em boa parte do nordeste brasileiro, sejam ocupadas por imóveis. Uma das preocupações das poucas vozes contrárias à mudança nesse bioma apontavam o risco de especulação imobiliária. E os manguezais, áreas que ocorrem no Pará e em outras regiões brasileiras, poderão ser usadas para projetos como cultivo de camarão e outros empreendimentos antes proibidos nesses biomas.

Ainda na reunião, foi extinta a resolução 284/2001, que revogou a necessidade de licenciamento para projetos de irrigação. Por fim, ficou liberada a queima, em fornos industriais, de resíduos de agrotóxicos, além de embalagens, plásticos e outros insumos que antes tinham legislação específica para descarte.

A ex-presidenta do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Suely Araújo, comentou que as medidas são retrocessos. Ela é especialista sênior em políticas públicas do Observatório do Clima.


“Com a conformação do Conama que foi instalada pelo governo Bolsonaro, o governo obteve pleno controle para passar boiadas, reduzir o rigor da legislação ambiental por meio de resoluções do conselho. O Conama, órgão com quatro décadas de importantes contribuições para a política ambiental, na prática está morto”, disse Suely, ao jornal Estado de S. Paulo.

(Da Redação Fato Regional, com informações do Estado de S. Paulo)