É um seleto grupo que tem entre 18 e 35 anos, possui espírito inovador e capacidade investigativa, cultiva novas formas de relacionamento, comunicação e aprendizado, domina informática, aprecia a autonomia e consegue fazer várias coisas ao mesmo tempo. Se alguém possui esse perfil, se enquadra no que os sociólogos chamam de “Geração do Milênio, Net ou Y”. Esses jovens formam uma legião que, só no Brasil, já conta com 55 milhões de mentes inquietas que têm como uma das principais características o fato de estarem totalmente inseridos no contexto das transformações sociais e tecnológicas que levaram à popularização da Internet.
Essa geração, acostumada ao “tempo real”, que vive conectada ao mundo em rede, que inventou as “selfies”, e que oscila entre múltiplos relacionamentos virtuais ainda não está totalmente compreendida. São jovens conhecidos por serem extremamente ansiosos, com sentimento de autoestima fortemente elevado e por terem presenciado o surgimento do mundo digital, pois estão sempre ligados ao celular e se utilizam de uma gama de termos peculiares dos quais tentarei fazer uso neste texto.
Todas as formas de interação e de comunicação são feitas “de boa” por meio de dispositivos (tablets, smartphones, etc). Mas um contato online apenas não lhes é suficiente e executam várias coisas ao mesmo tempo dada a sua facilidade, versatilidade e familiaridade com essas ferramentas.
São acostumados a rapidez e a velocidade na chegada das informações. São bastante exigentes nesse quesito, pois estão acostumados a ter essas informações em mãos já que solicitadas, com o simples “clicar” de um botão. Afinal, foi assim que a sua vida começou.
Tudo se complica e “a parada fica sinistra” quando os “Y”, autênticos nativos digitais, invadem o mercado de trabalho em busca de um lugar ao sol, de uma oportunidade profissional, pois terão que conviver com seu oposto, a “Geração X” (pessoas nascidas na década de 60) e que pensam completamente diferente. Esse entrosamento é difícil e demorado. Os “y” desejam, sim, trabalhar por prazer. E não é só isso… gostam de trabalhar “tipo” menos formal, ou seja, “bem maneiro” com jornadas flexíveis que lhes permita, “tipo” não apenas trabalhar das 8h às 18h, mas preocupar-se em saber o que produzirão entre esses horários. O que importa é fazer aquilo que gostam, é a sua realização pessoal. Se não houver essa realização, para eles, “não rola”, ou seja, não vale o investimento na profissão. Projetos são seu foco e a criatividade, a sua mola propulsora.
Vamos ver então o que todas essas características provocaram no cotidiano atual. São jovens cujo comportamento e objetivos alteraram, de forma veemente, os costumes atuais e os modelos de gestão tradicional até então arraigados às instituições de modo geral. Por esse e outros motivos tais como, dificuldade em obedecer a hierarquias, por exemplo, criaram conflitos e constrangimentos dentro de ambientes de trabalho que ainda não se adaptaram a essa nova geração de profissionais que assim agem porque lhes parece uma atitude normal e correta. Digamos que, na sua visão, estão “mandando bem”.
Para Don Tapscott, um estudioso da “Geração Y”, “essa geração possui algumas características interessantes e, porque não dizer, inéditas até aqui. Por exemplo, seu critério de julgamento é a “consciência” e, não, a “obediência”. Subordina-se a “vínculos” e não a “cargos”, gosta de ter autonomia, também de receber feedback a cada trabalho e é movido a elogios e reconhecimento. Não é orientado por “fins”, mas sim por “meios”. Desafios e promoções são os seus objetivos”.
Mas o que acontece quando um “Y” descobre que o mercado de trabalho é pouco atraente, tanto pela disponibilidade de vagas quanto pelo tipo de trabalho maçante que é ofertado? Nesse momento, a “chapa esquenta”. E o que fazer então? Certamente será partir em busca de outras paragens, do tipo “show de bola” que venham ao encontro de suas expectativas
Apesar de serem costumeiramente chamados de prepotentes e individualistas, os jovens dessa geração procuram sempre relacionar-se e interagir com pessoas de “tipo” todos os lugares do mundo. São jovens generosos que trocam experiências sem nenhum constrangimento e sem medo de ensinar ou aprender.
Além dessa interação constante, há a mobilização que essa geração tem para com as ações sociais, do meio ambiente e de sustentabilidade. Até hoje nunca uma geração interessou-se tanto por essas questões engajando-se nesses movimentos com todo o vigor de sua juventude. Fica provado então, através dessas constatações, que o futuro não terá caráter individualista, mas, sim, um caráter colaborativo.
Na verdade, são jovens de inteligência privilegiada, pensamento rápido, personalidade marcante e comportamento diferenciado. Se ele um dia chamar alguém de “cara” (quer seja homem ou mulher), calma! Não é falta de respeito, é cumplicidade… um sinal muito bom e significa que ele está “de boa” onde está. Não se deve impedir o “cara” de iniciar a frase com um sonoro “MEO”! Porque ele poderá ficar mudo e o que foi conquistado poderá se perder.
E vale a pena cuidar bem do “cara”? Vale, claro! Afinal é esse “cara” que vai comandar empresas e o país lá na frente. Ele é a mais poderosa fonte de inovação e muita competitividade. Ele não é uma promessa… ele é bom agora, pois aprende a trabalhar com facilidade em rede, domina algumas dimensões ou expertises profissionais que geram processos ou produtos inovadores. Sua energia resulta em superação de obstáculos. Não se conforma com desempenho medíocre. Bem gerenciado é um profissional de alta performance muito disputado no mercado de trabalho e objeto de desejo de empreendedores natos.
* Artigo escrito por Dulce de Almeida Torres é graduada em Letras Inglês e é professora da Área de Linguagens e Sociedade da Escola Superior de Educação do Centro Universitário Internacional Uninter.
** Este é um artigo que não representa, necessariamente, a opinião ou ponto de vista do Fato Regional. No entanto, o portal dá voz à pluralidade de ideias e pensamentos.