sexta-feira, 22 de novembro de 2024

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Líder indígena Munduruku do Pará recebe prêmio internacional de Direitos Humanos

Alessandra Korap é a segunda brasileira a receber o prêmio Robert F. Kennedy. Indicação veio pela defesa de povos indígenas contra a exploração de territórios.
Alessandra afirma que o dinheiro do prêmio será usado para manter a luta do povo Munduruku. (Foto: Alberto César Barros / Amazônia Real / Arquivo)

A líder indígena Alessandra Korap, da etnia Munduruku do Pará, venceu o prêmio Robert F. Kennedy de Direitos de Humanos. Pela segunda vez na história, o Brasil tem alguém ganhando a premiação estadunidense. Alessandra é estudante de Direito e tem uma intensa atuação em defesa dos direitos de povos indígenas. Desde o começo do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ganhou mais projeção internacional por afrontar decisões de governo que ameaçam a integridade do modo de vida de povos tradicionais brasileiros.

O comunicado oficial do Prêmio Robert F. Kennedy de Direitos Humanos diz: “Como liderança, Alessandra defende os direitos indígenas, principalmente na luta pela demarcação dos territórios indígenas e contra grande projetos que afetam terras indígenas e territórios tradicionais na região do Tapajós”. O primeiro brasileiro premiado foi o advogado Darci Frigo, em 2001, pela atuação em favor da reforma agrária. O tipo de defesa que Alessandra destaca ser perigoso no Brasil.

Alessandra já foi alvo de muitas ameaças de morte. Já teve a casa invadida e teve objetos pessoais roubados e destruídos. Mais recentemente, tem se dedicado a cobrar a demarcação de terras indígenas e enfrentar os interesses de exploração mineral nesses territórios, o que é ilegal. Porém, vários garimpeiros têm se mobilizado para cobrar a legalização desse tipo de atividade. E o presidente e alguns parlamentares têm se disposto a acatar essa demanda e prometer soluções. Algo que tem dividido etnias e aldeias.

Neste ano, Alessandra já enfrentou os protestos de indígenas pró-garimpo e garimpeiros, que interditou as rodovias BR-163 e BR-230, exigindo a legalização da exploração mineral e madeireira nos territórios indígenas. Essa área compreende um imenso território Munduruku. A TI Sawré Muybu está com demarcação atrasada. E ainda há um projeto de lei que movimenta a possibilidade da legalização dessas atividades extrativistas.


Vencedores desse prêmio recebem 30 mil dólares. Alessandra Korap afirma que todos os recursos serão destinados à causa da luta do povo Munduruku. A entrega do prêmio será virtual, numa cerimônia presidida por John Kerry, ex-senador dos Estados Unidos, ex-secretário de Governo e ex-candidato a presidente pelo Partido Democrata.

(Victor Furtado, da Redação Fato Regional)