Estudo, trabalho e arte são caminhos para a reintegração de pessoas privadas de liberdade. Pensar em cultura no ambiente carcerário, com a inclusão de projetos inéditos, é um avanço na política de reintegração social implantada no sistema penitenciário paraense.
Em reunião virtual na última quinta-feira (4), com a secretária de Estado de Cultura, Ursula Vidal, e assessores da área, gestores da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) formalizaram o planejamento de elaboração de aulas de iniciação musical nas unidades penais, para trabalhar com os internos a arte musical por meio de apresentações e oficinas de música, além de aprimorar harmonia sonora e terapia psicossocial.
As primeiras unidades penitenciárias contempladas serão o Centro de Recuperação Feminino (CRF), e o Centro de Recuperação do Coqueiro (CRC), ambos em Ananindeua, município da Região Metropolitana de Belém. O projeto visa ainda a reativação do coral no CRF e a iniciação de aulas de canto coral. As atividades estão previstas para a segunda quinzena de fevereiro.
Ópera e TerPaz – Também serão iniciadas aulas de música nas unidades, como formação técnica. De acordo com o diretor-geral do Theatro da Paz, Daniel Araújo, as oficinas serão integradas ao “Festival de Ópera”, realizado pelo teatro, e ao Programa Territórios Pela Paz (TerPaz), e terão mão de obra de concluintes do curso de formação em ópera.
A proposta foi recebida com entusiasmo pelos participantes da reunião, pois além de oferecer aos custodiados a oportunidade de manter contato com a música, o projeto é uma inovação no sistema penal. De início, os instrumentos estudados serão flauta e percussão.
Segundo Daniel Araújo, a percussão ajudará os internos a entender o espaço dos demais, além de contribuir para a possibilidade de, no futuro, evoluir para apresentações no ambiente externo.
Experiência sensorial – A secretária Ursula Vidal acrescentou que o projeto resultar, ainda, na abertura de um edital para que artistas de circo, teatro e dança, amparados pela Lei Aldir de Blanc (Lei nº 14.017), seja credenciados para apresentações em casas penais. “Oportunidade de nós podermos formar uma parceria com a Seap, que já tem, inclusive, projetos interessantíssimos, e está com resultados extraordinários. E a gente quer contribuir para que essa trilha sonora seja parte de desenvolvimento na experiência sensorial com a música”, destacou a titular da Secult.
O secretário de Estado de Administração Penitenciária, Jarbas Vasconcelos, agradeceu o apoio às diretrizes adotadas pela Seap para reintegrar pessoas privadas de liberdade. “O grande dilema nosso hoje, no sistema prisional, é na política social, de levar ao sistema outras atividades, como a cultural. Todos os projetos nos interessam. É uma construção coletiva. O sistema prisional nos ensina muita coisa. E o fundamental é que não fazemos nada sozinhos. Nós vamos construir algo muito bom para o governo e o Estado. Como política pública de agora e de amanhã”, ressaltou.
(Fonte: Vanessa Von Rooijen, da Agência Pará)