Naiara Miranda Fernandes, 31 anos, ficou 22 dias internada por covid-19, no Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém, oeste do Pará. Mas havia algo a mais nessa história. Quando deu entrada, no dia 21 de fevereiro deste ano, ela estava grávida. Já eram as 39 semanas para que Thalia Vitória nascesse. Só que esse procedimento envolvia vários riscos. Correu tudo bem. Porém, a mãe não pôde segurar a filha no colo antes de receber alta. A primeira vez que a viu, foi numa chamada de vídeo.
Quando Naiara chegou, foi direto para a UTI. O procedimento todo era muito complicado. Com um quadro respiratório muito delicado devido à covid-19, a equipe médica tinha muitos desafios para garantir a segurança da neném e da mãe. Thalia Vitória nasceu dia 25 de fevereiro, quatro dias depois da internação da gestante. As duas se saíram muito bem, mas precisavam ficar em observação. E separadas.
Thalia ficou separada da mãe por dois andares. Mesmo tendo a mãe com covid-19, a criança não foi contaminada. Mesmo assim, precisava ficar em observação e ficou na UTI neonatal do HRBA. Pelo projeto “Visita Virtual” do hospital, Naiara viu a filha, pela primeira vez, pelo celular. O companheiro e pai da menina, Tassio Torres, foi quem, com a filha no colo, pôde promover esse contato, junto com um psicólogo do hospital.
Tassio pedia que a companheira seguisse forte, sendo paciente e se tratando. Eles estavam esperando por ela. “Isso [videochamada] é para você ter mais forças aí. Não se preocupe que logo ela estará nos seus braços”, disse Tassio no dia da primeira chamada. Naquele momento, estava há 11 dias sem ver a esposa. “Depois que comecei a ver minha filha nessas filmagens, ganhei forças para não desistir”, disse Naiara.
No dia 7 de março, Thalia recebeu alta da UTI neonatal. Nos braços do pai, ela foi levada para casa, para aguardar a saída da mãe. Uma semana depois, no dia 14, Naiara recebeu alta médica por melhora no quadro clínico. Finalmente, a mãe poderia ver pessoalmente a filha, segurá-la nos braços e amamentar. Um reencontro que emocionou os profissionais que acompanharam o caso no HRBA.
“A covid-19 tem esse grande apelativo que é o isolamento. Quando estamos doentes, ou passando por uma situação de medo, dor, queremos o acolhimento. Queremos estar perto de quem a gente ama. Ter um bebê e precisar ficar em isolamento, sem poder ver, tocar ou amamentar a criança, aumenta o sentimento de angústia. A iniciativa de fazer a vídeochamada tem um valor imensurável que faz bem para os pacientes”, afirmou Terezinha Leão, pediatra da UTI Neonatal.
(Da Redação Fato Regional, com informações da Agência Pará)
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