O ex-presidente Lula (PT) negou, nesta terça-feira (31), que o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) tenha apoiado o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016. A declaração contradiz o histórico de Alckmin na defesa pelo afastamento da petista da Presidência.
Em entrevista concedida ao Jornal Gente, da Rádio Bandeirantes, Lula disse que “não é verdade” que o vice de sua pré-candidatura à Presidência em 2022 defendeu o processo que cassou o mandato da ex-presidente.
“Ele não só era contra, como pediu um parecer de um advogado que deu um parecer contra o impeachment”, afirmou Lula.
A declaração de Lula sobre Alckmin contradiz o próprio histórico do ex-tucano.
Entre 2015 e 2016, Alckmin, que era filiado ao PSDB, fez declarações favoráveis ao impeachment em mais de uma ocasião.
Em uma delas, em 8 de dezembro de 2015, Alckmin disse que o impeachment não era um golpe.
“O impeachment é previsto na Constituição Federal, e a Constituição não é golpista”, disse o então governador paulista, pouco menos de uma semana após o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, aceitar o pedido de impeachment de Dilma formulado pelos juristas Hélio Bicudo, Janaina Paschoal e Miguel Reale Júnior.
Outro exemplo, em 20 de março de 2016, após votar nas prévias tucanas para escolher João Doria como o candidato do partido à Prefeitura de São Paulo, Alckmin declarou a repórteres que concordava “em número, gênero e grau” com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
A declaração veio um dia após a publicação de uma entrevista de FHC ao jornal O Estado de S. Paulo, na qual ele defendeu abertamente pela primeira vez o impeachment de Dilma.
“Dificilmente você vai ver uma palavra agressiva minha em relação à presidente Dilma. Não apenas pela consideração institucional, mas também pessoal. Mas, com a incapacidade que se nota hoje de o governo funcionar, de ela resistir e fazer o governo funcionar, eu acho que agora o caminho é o impeachment”, disse FHC ao Estadão.
Alckmin inclusive chegou a ir às ruas em protesto contra Dilma, como em 13 de março de 2016, no qual acompanhou o senador Aécio Neves em manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo. Os dois chegaram a ser vaiados pelos manifestantes.
“Precisamos virar a página. É preciso retomar a esperança, o emprego, o desenvolvimento, o investimento. É isso que interessa”, declarou o ex-governador na época sobre as manifestações.
Com informações da CNN Brasil