Walter Delgatti Netto, hacker que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) apresentou a Jair Bolsonaro (PL), implicou o ex-presidente em um esquema de conspiração internacional para grampear o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e de manipular urnas eletrônicas. E ainda, garantiu indulto caso ele fosse preso para assumir esse crime. As declarações foram feitas durante depoimento à Comissão Parlamentar Mista da Inquérito (CPMI) que investiga a tentativa de golpe no dia 8 de Janeiro.
Durante os questionamentos feitos pela relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), Delgatti disse que falou mais de uma vez com Jair Bolsonaro. Num dia específico, ele foi levado a um posto de combustível com um motorista enviado pela deputada Carla Zambelli. No local, ele recebeu uma ligação da parlamentar, de um telefone que ele não conhecia, para falar diretamente com o ex-presidente. E foi quando ele recebeu a suposta proposta. Não se sabe se esse grampo foi ou não feito.
Delgatti afirmou ter ouvido de Jair Bolsonaro que havia um “agente internacional” para grampear o ministro Alexandre de Moraes. E ele iria assumir o grampo como se fosse “um rapaz da esquerda”, já que ele ficou conhecido no Brasil após vazar mensagens que revelaram ilegalidades na operação Lava-Jato. O ex-presidente também teria garantido a ele indulto caso fosse preso. “Ele disse que se eu fosse preso, ele mandaria prender o juiz que mandou me prender”, comentou.
Ainda nas conversas com Zambelli e Bolsonaro, Delgatti disse que outra proposta seria forjar a insegurança das urnas eletrônicas. Ele foi ordenado a reformular o código fonte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e fazer com que houvesse uma fraude artificial na urna, na qual o eleitor digitaria o número de um candidato e apareceria outro nome ou registraria o voto para outra pessoa. Ele faria uma apresentação pública da fraude no de 7 de setembro de 2022.
No mesmo depoimento, foram reveladas as participações do general Paulo Sérgio, ex-ministro da Defesa no governo Bolsonaro e de outros militares do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e o alto escalão do governo do ex-presidente. Delgatti foi preso no dia 2 deste mês por suspeita de invasão aos sistemas do judiciário. Ele teria recebido R$ 40 mil de Carla Zambelli para conduzir a operação ilegal. O hacker afirmou que se dispõe a fazer acareações com as pessoas citadas.
Diante das acusações, parlamentares requereram depoimentos de todos os envolvidos. A senadora Eliziane Gama requereu a quebra dos sigilos telefônicos de todos os envolvidos.
(Victor Furtado, da Redação do Fato Regional)
LEIA MAIS, NO FATO REGIONAL: