As operações de implantação do projeto Araguaia Níquel, da mineradora Horizonte Minerals em Conceição do Araguaia, no sul do Pará, foram paralisados. A estimativa é de que a suspensão ocorra por quatro meses, enquanto o caixa do projeto é reforçado, num período de baixa produtividade devido às chuvas. O trabalho não foi cancelado e nem será abandonado, como asseguram representantes da HZM. E a decisão não tem nada a ver com o Governo Federal.
Na semana passada, vários vídeos foram compartilhados com legendas que associavam a paralisação do Araguaia Níquel com uma suposta desconfiança com o Governo Federal. A própria empresa descartou esse hipótese. Num posicionamento, informou que se trata de uma revisão orçamentária do projeto para negociar financiamentos com acionistas e credores. Por enquanto, permanecem apenas operações mais essenciais.
Trabalhadores da empresa têm dito que estão ocorrendo demissões e estruturas estão sendo desmontadas. A Redação do Fato Regional apura junto à Horizonte Minerals qual o destino dos quase 3 mil operários: se foram postos em férias coletivas, dispensados temporariamente ou se demitidos. E a ainda, se a paralisação do projeto Araguaia Níquel afeta de alguma forma as operações em Xinguara, também no sul do Pará.
Até o dia 10 de novembro, como levantou a Revista Mineração, o projeto Araguaia Níquel tinha recursos totais de liquidez de US$ 169 milhões. Desses, US$ 131 milhões não sacados da linha de dívida sênior da empresa, que demanda nova injeção de capital para acessar. Em caixa, há US$ 38 milhões em capital de giro que seriam suficientes até meados de dezembro.
Por vídeo gravado com o prefeito de Conceição do Araguaia, Jair Martins (MDB), Leonardo Vianna e Flávia Veronese, diretores da Horizonte Minerals, afirmam que se trata apenas de uma reestruturação e que os projetos serão retomados em breve. Leonardo garante que as empresas e sindicatos estão participando ativamente das discussões. E Flávia ressaltou que todos os projetos sociais e ambientais seguem normalmente, como a pavimentação da PA-449.
“As discussões com os principais acionistas e credores da empresa sobre o financiamento do projeto até a conclusão estão progredindo. Enquanto o trabalho na solução de financiamento continua, optamos por concentrar capital e recursos humanos apenas nos trabalhos críticos”, disse o CEO Jeremy Martin em comunicado à imprensa. O custo do projeto foi aumentado em 35%, chegando a US$ 537 milhões. A produção, consequentemente, foi adiada para o segundo semestre de 2024.
O projeto contempla uma operação de mineração a céu aberto para extração de níquel. Inicialmente (Linha 1), a capacidade produtiva é de 14.500 toneladas de níquel por ano. Com a Linha 2, a capacidade dobra, alcançando 29 mil toneladas por ano e permitindo que o Araguaia produza não apenas ferroníquel de alta qualidade e baixa impureza, mas também o níquel matte. A vida útil prevista é de 28 anos. Dos 3 mil empregos da etapa de obras, 500 deveriam ser mantidos para a operação de níquel em si.
(Victor Furtado, da Redação do Fato Regional, com informações da Revista Mineração e de Estadão Verifica)
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