A balsa que colidiu contra a ponte do Rio Moju na madrugada do último sábado (6) estava à deriva até poucos instantes antes do choque com a estrutura. Foi o que relatou o comandante da embarcação, Elielson Lopes Barbosa (38), em novo depoimento prestado à Polícia Civil no fim da tarde desta sexta-feira (12), na sede da Divisão de Investigações e Operações Especiais (Dioe), em Belém. Elielson, que está preso, revelou detalhes que foram omitidos na primeira declaração dada às autoridades.
De acordo com o delegado Aurélio Paiva, o comandante alegou falha mecânica no equipamento. “Ele confessou que estavam à deriva, que tinham perdido o controle e foram jogados pela correnteza até bater na ponte. Disse que conseguiram ligar o motor somente pouco antes da colisão, mas que isso de nada adiantou. No primeiro depoimento, ele omitiu toda essa situação. Confirmou também que a embarcação estava irregular e navegava sem autorização da Marinha. E que essa nem era a rota deles”, informou o delegado.
Outro dado repassado por Elielson Barbosa foi o de que nenhum veículo foi visto caindo da ponte, como relatou uma testemunha. “Ele diz que não houve queda nenhuma de carro. Estavam em situação aflitiva, mas deu detalhes de como tudo ocorreu. Falou que a estrutura não desabou de uma vez. Foi devagar. E que não teve carro caindo”, reportou Paiva.
Após os esclarecimentos, Elielson foi encaminhado para realização de exame de corpo de delito no Centro de Perícias Científicas Renato Chaves e, em seguida, para a Central de Triagem Metropolitana de Ananindeua, onde permanecerá preso à disposição das autoridades que conduzem o caso.
O comandante foi detido na tarde de quinta-feira (11), após ser enquadrado no artigo 261, cujo texto trata de situações que expoem a perigo a segurança do transporte marítimo. Ele foi levado inicialmente à sede da Delegacia Geral, em Belém, sob mandado de prisão preventiva, e posteriormente transferido para a Dioe, já pela noite.
Responsável pela carga também foi ouvido pela segunda vez
O empresário responsável pelo material transportado na balsa, Cássio Cunha, também prestou novo depoimento na tarde desta sexta-feira, na Dioe. “Esse inquérito vai apurar todo o contexto. Fala da origem da carga, das nota fiscais, da relação das empresas. Não contempla apenas o momento do choque, mas, tudo o que culminou nesse acidente. Ainda vamos aprofundar as investigações”, assegurou o delegado Aurélio Paiva. “Estamos abrindo um segundo inquérito para apurar a situação de conservação da ponte e como ela foi construída”, acrescentou.
O dono da empresa Agregue, empresário Marco Antonio Tiecher, que é apontado como responsável pela balsa, também teve mandado de prisão preventiva decretado pela Justiça, mas ainda não foi localizado. O advogado de Tischer sustenta que o mandado de prisão foi um equívoco, visto que seu cliente não seria o dono da embarcação, apenas teria terceirizado o serviço da balsa, pertencente, segundo ele, a uma empresa de Manaus.
“A Justiça deferiu apenas esses dois mandados. Temos equipes investigando a localização dele para cumprir o mandado de prisão. A defesa tem todo o direito de criar a sua versão, mas a polícia e a Justiça não concordam com isso. Tanto que o mandado foi expedido”, argumentou Aurélio Paiva. “Já ouvimos 15 pessoas e pretendemos ouvir tantas quantas forem necessárias”.
Novos depoimentos serão colhidos na segunda-feira
Na próxima segunda-feira (15), a partir das 8h, também serão ouvidos, na Dioe, os três tripulantes da balsa, além do responsável pela empresa de manutenção da ponte, Paulo Brígido.
Fonte: OLIBERAL.COM