Um incêndio que atingiu uma subestação deixou quase 90% do Amapá sem energia elétrica e sem água, na última terça-feira, 3. O acidente causou filas em supermercados e postos de gasolina e a redução do fornecimento de linha telefônica e internet, assim como estragou alimentos. Até esta segunda, cerca de 65% do sistema elétrico tinha sido restabelecido.
Diante do caos, foi no município de Afuá, na Ilha do Marajó, a apenas quase 78 quilômetros de Macapá, que parte dos amapaenses se refugiaram. Em apenas três dias, Afuá recebeu dez lanchas e balsas e dois navios com mais de mil macapaenses. O porto, a rede hoteleira e os bares da cidade, que possui pouco mais de 32 mil habitantes, ficaram lotados.
Segundo o prefeito do município, Mazinho Salomão (PSD), à Folha de São Paulo, o movimento assustou a pacata população de Afuá, principalmente por causa da pandemia da covid-19 – em queda na cidade. Ele diz compreender a preocupação dos afuaenses, mas considerou inviável qualquer tipo de bloqueio.
“Quando chegou no pico do vírus em Macapá, nós fechamos a ilha. É uma preocupação, claro, mas se optássemos por fechar tudo, poderíamos ficar sem abastecimento de alimentos”, avalia, que também considera a cidade muito dependente do Amapá na área da saúde – justamente por conta da proximidade da capital do AP, já que Afuá fica a 256 quilomêtros de Belém.
Aliviado com o gradual retorno da energia do outro lado do rio Amazonas, o prefeito conta que é nessas horas que se reconhecem os irmãos.
“Somos muitos próximos, unidos pelo rio. Muitos que vieram possuem familiares aqui e alguns são da terra. Fizemos o que deveria ser feito, sendo o povo hospitaleiro que sempre fomos”, contou ele. De acordo com a prefeitura, mais de 400 amapaenses já retornaram para casa até a noite de domingo, 8.
Fonte: Folha de São Paulo