Agricultura sustentável ganha reforço com bactérias de insetos no combate a pragas do milho

Pesquisadora apoiada pela Fapesp identifica microrganismos que fortalecem defesas naturais das plantas e abrem caminho para bioinsumos de baixo impacto ambiental.
O estudo busca entender como as interações entre planta, inseto, microrganismos simbiontes e patógenos ativam respostas biológicas que podem ser aplicadas no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis, capazes de aumentar a produtividade agrícola com baixo impacto ambiental (Imagem: Pixabay)

Pesquisas desenvolvidas pela engenheira agrônoma Diandra Achre, com apoio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), revelam o potencial de microrganismos associados a insetos como aliados na agricultura sustentável.

Durante seu mestrado na Esalq-USP, Achre investigou o que ocorria quando bactérias simbiontes da lagarta-do-cartucho – uma das principais pragas do milho – eram inoculadas em plantas.

O resultado surpreendeu: ao colonizarem os tecidos, essas bactérias passaram a favorecer o crescimento e a defesa do milho, reduzindo o avanço da praga.

“Essas bactérias aumentam a resistência sistêmica da planta, reduzindo o consumo e o desenvolvimento da lagarta-do-cartucho, chegando até a causar a mortalidade total das larvas. É como se a planta aprendesse a se defender”, explica a pesquisadora.

No doutorado, Achre aprofundou os estudos para entender como os microrganismos modulam a fisiologia das plantas. Utilizando ferramentas avançadas de biologia molecular, genética e química, ela e sua equipe mapearam genes, proteínas e compostos ativados durante a interação.

Os resultados mostraram que além de proteger contra a lagarta-do-cartucho, os simbiontes também podem auxiliar no combate a doenças como o enfezamento do milho, transmitido pela cigarrinha.

O trabalho, realizado em parceria com a empresa Integra Soluções Sustentáveis (Jaú-SP) e apoiado pelo Programa Centelha, aponta para o desenvolvimento de bioinsumos agrícolas que estimulam o crescimento do milho e fortalecem suas defesas naturais.

Segundo Achre, a descoberta abre caminho para tecnologias de baixo impacto ambiental, capazes de aumentar a produtividade sem depender de defensivos químicos.

“Os simbiontes não são apenas agentes biológicos, mas ferramentas biotecnológicas de alta precisão, com potencial para transformar o manejo agrícola”, afirma.

Atualmente, a pesquisadora segue com apoio da Fapesp no projeto “Desenvolvimento da formulação de microrganismos simbiontes de insetos como inoculantes endofíticos de plantas: uma abordagem sistêmica contra as principais pragas do milho”, dentro do Pipe-Fapesp.

 


(Da Redação do Fato Regional, com informações da Fapesp)

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