sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

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Aliados do governo querem mudar comissão que vai sabatinar Eduardo Bolsonaro

Parlamentar precisa do aval da maioria dos senadores para poder assumir embaixada do Brasil em Washington.

Aliados do governo já discutem a possibilidade da troca de integrantes na Comissão de Relações Exteriores do Senado para tentar uma sabatina – e uma votação – menos hostil ao nome do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Escolhido pelo pai, presidente Jair Bolsonaro (PSL), para assumir a embaixada do Brasil em Washington, o parlamentar precisa do aval da maioria dos senadores para poder assumir a vaga.

Os governistas avaliam que, com a mudança de dois nomes, a indicação de Eduardo teria “boa margem” para passar na comissão. A primeira alteração seria tornar o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), irmão de Eduardo, titular do colegiado. Para isso, o PSDB teria de abrir mão de uma de suas vagas, hoje ocupadas pelos senadores Antonio Anastasia (MG) e Mara Gabrilli (SP). A senadora já disse ser contrária à nomeação, enquanto Anastasia tem evitado se posicionar. A votação na comissão é secreta.

O jornal O Estado de S. Paulo apurou que interlocutores do governo já sondaram o líder do PSDB, Roberto Rocha (MA), sobre a possibilidade de troca. Uma opção seria Flávio substituir Mara no dia da votação da indicação na comissão, já que é seu suplente. A troca independe da vontade dela. A prerrogativa é do líder tucano.

Conforme mostrou o Estado no sábado, dos atuais 17 titulares do colegiado, seis afirmaram ser contrários à indicação, sete se disseram favoráveis, três não quiseram comentar e apenas um não se manifestou.

Outra estratégia dos aliados de Bolsonaro para aumentar os votos pró-Eduardo é ocupar a única cadeira vaga com um senador governista. Hoje, o bloco formado por MDB, PP e PRB indicou apenas quatro dos cinco assentos a que tem direito. O líder do governo, Fernando Bezerra (MDB-PE), é cotado para o posto. Uma alternativa seria a indicação da senadora Mailza Gomes (PP-AC), que tem dado sinais de apoio público ao governo.

“A indicação ainda não foi formalizada, mas, se for formalizada, o governo tem votos para aprovar tanto na comissão como no plenário”, disse Bezerra.

O governo também quer um relator favorável à indicação. Um dos que já requisitaram a relatoria é o senador Chico Rodrigues (DEM-RR). O parlamentar é aliado de Bolsonaro e emprega em seu gabinete Leonardo Rodrigues de Jesus, o Leo Índio, primo dos filhos do presidente.

A indicação de embaixadores tem de passar pelo Senado, em duas etapas. Primeiro, há uma sabatina e uma votação na comissão. Aprovado ou rejeitado, o nome do indicado vai ao plenário do Senado, onde precisa de maioria simples.

Fila

Nesta quarta-feira, 17, a comissão começou a “limpar a fila” de indicações de embaixadores que estava parada para poder se concentrar na análise do nome de Eduardo após a volta do recesso parlamentar, em agosto. Foram lidos os pareceres sobre os nomes do governo para representações diplomáticas em quatro países: Malásia, Brunei, Cingapura e Hungria.


De acordo com o presidente da comissão, Nelsinho Trad (PSD-MS), os senadores devem levar ao menos 45 dias para avaliar a indicação de Eduardo a partir do momento em que ela for oficializada. “Não é porque é a do filho do presidente que vai furar a fila”, disse o senador.

 

 

Fonte: Agência Estado