Alimentação escolar em São Félix do Xingu ganha reforço com iniciativa de valorização profissional

Além das capacitações, o Programa Florestas de Valor vai trabalhar o saber e o respeito à cultura alimentar local.
As merendeiras são profissionais dedicadas à manipulação e produção dos alimentos que compõem o cardápio nutricional dos estudantes. (Foto: Agência Pará/Arquivo)

Em um movimento que visa fortalecer a qualidade da alimentação oferecida nas escolas da rede pública de São Félix do Xingu, no sul do Pará, o Programa Florestas de Valor do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) uniu forças com a Secretaria Municipal de Educação (Semed) e realizaram importante ação de sensibilização e engajamento das profissionais dedicadas à manipulação e produção dos alimentos que compõem o cardápio nutricional dos estudantes da rede pública de ensino de São Félix do Xingu: as merendeiras.

O encontro, que contou com aporte financeiro da Fundação Carrefour e apoio do Grupo Carrefour Brasil, teve o objetivo de destacar a relevância do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e seu impacto direto na saúde, no desenvolvimento e no fortalecimento da agricultura familiar da região.

“As merendeiras são um elo importante para alavancar o Pnae. Por receberem os alimentos das mãos dos agricultores e agricultoras familiares, elas entendem a importância da profissão e a capacitação fortalece seus conhecimentos e leva informações sobre a importância da validação do cardápio com a nutricionista, ações que elas já fazem com muito carinho”, enfatizou a coordenadora do escritório regional do Imaflora, Celma de Oliveira.

Participantes e gestores que estiveram no curso de de sensibilização e engajamento das merendeiras. (Fotos: Divulgação)

Mais que alimentar: qualidade e segurança em cada prato

Por meio da capacitação, ocorrida no último dia 26, na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp), uma dezenas de merendeiras e outros profissionais envolvidos no preparo das refeições escolares, tiveram a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos sobre as diretrizes do Pnae, a importância de uma dieta equilibrada e manipulação segura dos alimentos.

O engenheiro de alimentos, Flávio Santos, falou da importância da adoção das boas práticas na manipulação de alimentos, no armazenamento e no prazo de validade, garantindo a segurança alimentar, a prevenção de doenças e o desenvolvimento dos alunos.

“Este curso possibilita uma visão ampla de como produzir estes alimentos com qualidade, desde a manipulação da matéria-prima até o produto que é servido na merenda escolar”, declarou.

Para quem participou da capacitação ficou o gostinho de que não basta aprender algo novo, mas é preciso ensinar, multiplicar conhecimento e buscar excelência.

Foi o caso de Elziane da Costa Lima, que trabalha como merendeira na creche Luiz Ferreira Santana. Ela foi uma das mais de 70 participantes da capacitação.

“Os benefícios que eu levo daqui são o conhecimento e a aprendizagem. Com este curso a gente se aprimora mais até para levar adiante informações para quem não sabe, e isso é muito importante”, destacou.

O Pnae, como política pública fundamental, garante que no mínimo 30% do recurso do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação seja investido na compra direta de produtos da agricultura familiar – o que incentiva a produção local e oferece alimentação escolar saudável e adequada aos alunos da educação básica pública.

A técnica em agropecuária, Ana Azevedo, conduziu a capacitação sobre o papel das merendeiras no âmbito do Pnae. Ela destacou a importância da segurança alimentar, da promoção de hábitos alimentares saudáveis e do respeito à cultura alimentar local.

“Nossa missão é mostrar que elas são um elo importante para fazer com que estes produtos tenham uma melhor aceitação pelos alunos da rede pública. Acredito que as merendeiras entenderam o que é o programa e qual a importância de cada um dos atores dentro dessa importante política pública”.

Da esquerda à direita: Caroline Alves Neves (nutricionista Demae/Semed); Jaqueline de Oliveira
Silva (secretária de Educação); Celma Oliveira (Imaflora/Florestas de Valor); Cacilda Rosa da Silva (vice-prefeita); Eliane Coelho dos Santos Silva (diretora de Ensino/Semed);e Maria de Fátima Moura (diretora de Ensino/Semed).

Futuro promissor com responsabilidade

A secretária de Educação de São Félix do Xingu, Jaqueline Silva, destacou a importância da parceria com o Imaflora para a qualidade e o bem-estar dos estudantes, reconhecendo a alimentação escolar como um pilar fundamental para o aprendizado e o desenvolvimento integral.

“Esperamos que a nossa parceria venha somar forças tanto na valorização profissional quanto na melhoria e qualidade da merenda escolar. O principal ativo é o fomento à agricultura familiar o que assegura uma merenda escolar de qualidade”, declarou Jaqueline Silva.

A iniciativa do Imaflora, em parceria com a prefeitura e o apoio da Fundação Carrefour e Grupo Carrefour Brasil, reconhece o papel central dos profissionais que atuam diretamente na cozinha das escolas.

“Quem não tem uma memória afetiva com a merendeira, a gente chamava a ‘tia da merenda’. Algumas crianças saem de madrugada de casa. A gente sabe a distância das comunidades rurais e, às vezes, a primeira refeição dela é na escola. Então, as merendeiras são vistas como a mãe que cuida, a tia e fica o carinho dessa profissional que deve ser valorizada”, finalizou Celma.

Próximos passos

Além das capacitações, o Programa Florestas de Valor também prevê a publicação de um livro de receitas baseado em produtos da agricultura familiar, além da realização de um concurso gastronômico no estilo “MasterChef”, que premiará as melhores receitas elaboradas com ingredientes locais produzidos pelos agricultores e agricultoras familiares.

Programa Florestas de Valor

O Programa Florestas de Valor do Imaflora, desenvolve projetos que disseminam e fortalecem técnicas de produção sustentáveis na Amazônia brasileira. Fomenta a restauração florestal, estrutura cadeias da sociobiodiversidade e negócios comunitários.

Dessa forma, contribui com a fixação e manutenção de estoques de carbono, bem como com a geração de renda a partir de atividades sustentáveis para manter a floresta em pé e valorizar as populações tradicionais guardiãs do patrimônio socioambiental.

Sobre o Imaflora

Desde 1995 atua na promoção do uso sustentável e inclusivo dos recursos naturais. Seus projetos conciliam conservação ambiental e desenvolvimento econômico, atendendo a demandas das cadeias florestal, agropecuária, da sociobiodiversidade e da agenda climática. Realiza trabalho em campo, assistência técnica, serviços ESG e certificações, além de pesquisa e desenvolvimento de dados. (www.imaflora.org).


(Da Redação do Fato Regional, com informações da Ascom Imaflora)

Siga o Fato Regional no Facebook, no Instagram e no nosso canal no WhatsApp!


 

Leia mais