Nenhuma petrolífera do mundo lucrou mais que a Petrobras no mundo no ano passado. Após 16 aumentos no preço dos combustíveis nesse ano, a empresa acaba de anunciar mais um reajuste — um dos maiores de sua história — e que deve jogar o país numa grave crise econ6omica. A gasolina será reajustada em 18,8%, o gás de cozinha em 16,1% e o diesel sobe incríveis 24,9%. A estatal disse que o preço foi influenciado pela Guerra na Ucrânia e o reajuste passa a vigorar a partir da sexta-feira (11). A reportagem flagrou filas quilométricas nos postos de gasolina em todas as regiões do Distrito Federal.
O Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) atestou o baque. Foram os maiores reajustes ao menos desde o início da política atual de preços, em 2016. Com os aumentos anunciados nesta quinta, o preço da gasolina vendida pela Petrobras acumula alta de 24,5% em 2022. O preço do diesel vendido pela estatal subiu 35%.
Já o preço médio do diesel, considerando que todas as outras parcelas se mantenham inalteradas, chegaria a um valor em torno de R$ 6,40 por litro.
O gás de cozinha, conhecido como GLP (gás liquefeito de petróleo), terá seu primeiro reajuste após 152 dias. O preço médio de venda, para as distribuidoras, passará de R$ 3,86 para R$ 4,48 por quilo, um reajuste de 16,1%, o que resultará num preço médio final do botijão de 13 quilos, mais usado em residências, em torno de R$ 110, caso todas os outros componentes fiquem no mesmo patamar atual.
Os reajustes foram anunciados num momento em que o debate no governo e no Congresso sobre a política de preços dos combustíveis da estatal é o tema principal da pauta política e econômica. O presidente Jair Bolsonaro (PL) determinou a sua equipe econômica e política que apresentem em 24 horas um novo modelo para conter as sucessivas altas dos combustíveis.
Logo após o anúncio dos reajustes, o Senado aprovou dois textos que tratam de combustíveis, cuja votação vinha sendo adiada há quase um mês. Um deles cria uma conta de estabilização para amortecer reajustes e estabelece diretrizes para uma nova política nacional de preços. O texto agora precisa de aprovação da Câmara.
Também nesta quinta, o Senado aprovou o texto-base do projeto de lei que altera a cobrança de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre combustíveis. Ainda será votado um destaque que pode zerar as alíquotas de PIS/Cofins sobre diesel e gás até o fim de 2022, ano eleitoral.
A Petrobras, em nota, afirmou que o anúncio “vai no mesmo sentido de outros fornecedores de combustíveis no Brasil que já promoveram ajustes nos seus preços de venda”. A primeira grande refinaria privada do país, a Refinaria de Mataripe, na Bahia, havia ajustado seus preços no sábado (5).
Após declarações do governo sobre controle nos preços, as ações da Petrobras despencaram na bolsa nesta segunda (7). Em Brasília, integrantes do alto escalão passaram a semana discutindo alternativas para conter a alta, mas não conseguiram ainda chegar a um consenso.
A Petrobras disse que, apesar da alta dos preços do petróleo e derivados, “decidiu não repassar a volatilidade do mercado de imediato, realizando um monitoramento diário dos preços de petróleo”.
Os desdobramentos econômicos dos preços dos combustíveis pode levar o país a uma recessão de proporções bíblicas, preveem alguns economistas que ainda estão fazendo os cálculos do impacto na macroeconomia do país.
Com informações de Val-André Mutran, Blog Zé Dudu.