Menos de 24 horas após o Ministério da Saúde anunciar, em reunião com governadores, que iria comprar 46 milhões de doses da vacina contra covid-19, que está sendo desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan, o presidente Jair Bolsonaro cancelou a compra. Inicialmente, foi uma conversa por mensagens e então se pronunciou no Twitter.
https://twitter.com/jairbolsonaro/status/1318909886080614411?s=20
Nesta terça-feira (20), vários governadores saíram do encontro com o Ministério da Saúde esperançosos com a promessa de vacinas já no primeiro semestre de 2021. A vacina Sinovac-Butantan, chamada de CoronaVac, seria incluída no Plano Nacional de Imunização (PNI). O próprio governador Helder Barbalho postou foto com as vacinas no Twitter dele.
https://twitter.com/helderbarbalho/status/1318649062837673985?s=20
Até este momento, a CoronaVac é vacina mais adiantada na fase de testes. Está concluindo a fase 3 (última de testes em humanos) e foi a que apresentou as reações adversas mais leves: um pouco de fadiga e dor no local da aplicação. Os testes estavam sendo feitos em São Paulo, com autorização do governador João Doria.
LEIA A HISTÓRIA ORIGINAL DA COMPRA, EM FATO REGIONAL:
Governo Federal confirma compra de 46 milhões de doses de vacina contra o coronavírus
O racha político entre Doria e Bolsonaro, que chegaram a fazer campanhas juntos com o lema “Bolsodoria”, é apontado como uma das possíveis causas para o cancelamento da compra. Outra possibilidade seria que o presidente estivesse dialogando com o nicho eleitoral dele, que alimenta um sentimento xenófobo pela China, que tem um governo “comunista” (apesar de bem distante dessa corrente política). No tweet em que disse que não faria a compra, ele cita o governador paulista diretamente.
Para justificar o cancelamento da compra das vacinas, Bolsonaro disse que “o povo brasileiro não seria cobaia” para uma vacina que “sequer ultrapassou sua fase de testagem”. Cabe ressaltar que, durante o pico da pandemia, ela foi defensor de hidroxicloroquina, da azitromicina e da ivermectina para tratamento. Todos são comprovadamente ineficientes contra a covid-19.
No mesmo dia em que Bolsonaro desautoriza a compra da vacina, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, é diagnosticado com covid-19.
(Victor Furtado, da Redação Fato Regional)