Três policiais civis agrediram uma mulher dentro de uma embarcação, no arquipélago do Marajó, nesta quarta-feira (16). O caso ocorreu no porto de Breves. A truculência foi filmada por passageiros. Todos os vídeos ganharam as redes sociais, sobretudo o Twitter, onde os perfis do governador Helder Barbalho, do Governo do Pará e da Polícia Civil foram marcados. A resposta foi imediata e resultou no afastamento dos servidores, além de abertura de processos contra eles.
Nos vídeos, a mulher não esboça qualquer reação ou desrespeito. Mesmo assim, é ameaçada por um dos policiais com arma em punho. Argumenta que não estava fazendo nada de mais e que só havia pedido licença a uma moça, que colocou a rede perto demais dela. É obrigada a sair da embarcação em menos de dois minutos, sob ameaça de prisão. Mesmo sem nem questionar, ela volta a tentar conversar. O policial diz “foda-se a sua história” e diz que ele precisa ser obedecido. A mulher recebe um tapa e é puxada pelos cabelos para fora da embarcação.
Uma amiga e uma irmã da mulher, que estava fazendo tratamento fora de domicílio (TFD e ela estava se deslocando para Belém), também são agredidas verbalmente e ameaçadas. Imploram e gritam por socorro, para o policial parar. Mas história toda vai parar na delegacia.
Pelo Twitter, a filha da mulher agredida relata que moça que colocou a rede perto demais da mãe dela, seria namorada do policial. A vítima só pediu para a moça não deixar a rede tão próxima por conta de aglomerações e não ficar tão apertado. Uma realidade das embarcações paraenses superlotadas em contexto de pandemia de covid-19. A moça então agrediu a mulher. Ela tentou se proteger e o policial interveio já com arma na mão. A vítima está doente e nem conseguia esboçar reação.
Confira o relato completo pelo Twitter
Hoje a minha mae estava voltando do interior, ela estava cuidando dos meus avós por causa do corona, e a mesma foi agredida por policiais, um chega até a sacar a arma. Minha mãe, uma amiga dela e a minha tia, foram agredidas sem motivo algum +++
— (@_icath_) December 16, 2020
Na delegacia, a mulher ainda é coagida a gravar um vídeo e ainda pede desculpas ao policial, ainda que tenha dito que foi agredida e constrangida de várias formas. Isso simplesmente é permitido dentro da unidade policial, sem nenhuma intervenção das autoridades.
Por respeito a profissão, minha mãe estava se retirando e tentou explicar o que aconteceu e ele COMECOU A AGREDIR ELASSSSS +++ pic.twitter.com/dk7wpzglLk
— (@_icath_) December 17, 2020
Em nota publicada também no Twitter, a PC lamentou o ocorrido e garantiu a abertura de procedimentos contra todos os policiais envolvidos. Além do afastamentos, foram removidos dos locais de atuação.
A PC informa, ainda, que não compactua com o tipo de atitude cometida pelos servidores.
— Polícia Civil do Pará – PCPA (@pcdopara) December 17, 2020
Também pelo Twitter, o governador manifestou solidariedade às vítimas e famílias, além da responsabilização imediata dos policiais.
Por isso, já pedi urgência na apuração do caso para a @pcdopara , o afastamento dos envolvidos e que eles sejam devidamente responsabilizados pelo crime. Minha irrestrita solidariedade à família.
— Helder Barbalho (@helderbarbalho) December 17, 2020
A Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup) convocou uma entrevista coletiva para explicar o caso.
(Victor Furtado, da Redação Fato Regional)