Em Eldorado dos Carajás, no sudeste do Pará, um ato de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) relembrou a morte de 19 trabalhadores rurais na curva do “S”, às margens da rodovia BR-155 – o episódio ficou conhecido como Massacre de Eldorado dos Carajás.
Uma missa foi celebrada pelo bispo de Marabá, Dom Vital, marcando o início do dia de mobilização. Em seguida, o trecho da BR-155, onde o grupo estava concentrado, foi interditado com pneus e um grupo de teatro encenou no asfalto o massacre, ocorrido em 1996.
No dia do massacre, 155 policiais militares cumpriam na região ordem para desobstruir a rodovia onde trabalhadores rurais marchavam rumo à capital para pedir a desapropriação de uma fazenda. A ação da PM terminou com 19 pessoas mortas e muitas feridas. Um dos sobreviventes, José Carlos Moreira disse que ainda possui uma bala alojada na cabeça. “Ninguém nunca esquece, passa na memória da gente 24 horas por dia, essa noite eu nem dormi, lembrando”, disse.
Durante todo o dia, representantes de sindicatos e de movimentos sociais pediram políticas de reforma agrária para a região.
A coordenadora estadual do MST, Maria Raimunda César, disse que “só uma política de reforma agrária séria, que respeite o trabalhador do campo, os direitos humanos, vai resolver os conflitos no campo no país”.
Segundo o MST, sete fazendas em cinco cidades da região estão ocupadas por trabalhadores rurais. As áreas, de acordo com o MST, seriam da União e deveriam ser desapropriadas. Um dos acampamentos existe há 14 anos.
Para os manifestantes, a demora do Estado em resolver a situação é um dos fatores que geram conflitos e violência no campo.
De acordo com a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Segup), foram registrados 54 casos em 2018 e, até o último dia 8 de abril, foram 11 casos.
Interdição
Devido a interdição da BR-155, houve congestionamento. O bloqueio durou cerca de duas horas e a pista foi liberada.
Fonte: G1 Pará