No domingo, a TV Globo reprisará a final da Libertadores de 1999, vencida pelo Palmeiras, e o que mais tem sido exibido em canais esportivos nessa pandemia do coronavírus são jogos antigos. Partidas que têm sido assistidas e debatidas por Vanderlei Luxemburgo e seu auxiliar, Maurício Copertino, que conta ao LANCE! como essas repetições podem até virar estímulo para melhora técnica.
– Sempre tem condição de voltar. É lógico que não será igual, porque a dinâmica mudou no futebol, mas é preciso estimular as características de fase ofensiva, em criatividade e talento. É muito positivo. Que apareçam mais meias, centroavantes, ponteiros ou extremos que partam para cima do marcador, com jogo bonito, rápido. O Vanderlei preza muito isso, e sempre tem uma equipe ofensiva – afirmou Copertino, citando até jogos de times de Luxemburgo.
– Falamos do 7 a 0 do Cruzeiro em cima do Bahia, no Brasileiro de 2003, com aquele time fantástico da Tríplice Coroa. Conversamos sobre como era, como está, dos jogadores importantes da época, o que funcionava taticamente. Tem sido um flashback muito legal – relatou o auxiliar, citando outras partidas.
– Assistimos e conversamos taticamente sobre as finais das Copas do Mundo de 1994, 1970 e 2002. De 1994, falamos das funções táticas de Mazinho e Zinho, muito importantes para a equipe, definindo o meio com o Dunga e o Mauro Silva. Foram fundamentais, apesar de não aparecerem tanto na parte técnica, em que Romário e Bebeto apareciam mais, mas eram importantes taticamente.
Na visão de Maurício Copertino, as partidas antigas mostram não só qualidade, mas uma característica que, em sua opinião, deve ser retomada pelos jogadores brasileiros: a criatividade individual. As reprises provam, na avaliação do auxiliar, que é possível o retorno desse estilo com a geração atual.
– O Brasil é um celeiro inesgotável de jogadores, com qualidade técnica que nenhum jogador do mundo tem. Com a evolução do futebol hoje e a parte física, aliadas com a qualidades dos jogadores brasileiros, será difícil acabar esse talento no futebol. Desde que os treinadores façam como o Vanderlei tem feito, imprimindo a cara do futebol brasileiro – disse Copertino, citando exemplos práticos de como o técnico tenta estimular essa individualidade.
– O Vanderlei gosta que alguns treinos sejam livres, porque estimula a tomada de decisão no último terço do campo, criando situações, não só com um, dois toques. É lógico que pode se criar uma situação técnica com um toque ou, como brincamos, deixar um companheiro na cara do gol com meio toque. Mas estimulamos muito o mano a mano – comentou o auxiliar.
– Isso está no DNA do Vanderlei e do meu. Fui treinador nos Emirados Árabes Unidos e na China, e posso dizer que nenhum país do mundo tem a qualidade técnica do Brasil. Transportamos esse talento natural para o nosso trabalho. Conversamos e estimulamos muito. Somos brasileiros e temos que colocar tudo para fora, quebrar uma linha, dar chapéu, mas com responsabilidade. Adoramos isso, é o que nossa cultura pede – concluiu Copertino.