Belém aposta em cooperativas para liderar uma revolução verde na Amazônia

Projeto-piloto fortalece catadores, impulsiona a economia circular e propõe modelo de gestão mais inclusivo e sustentável na capital paraense.
O projeto parte do reconhecimento de que catadores e catadoras de materiais recicláveis são protagonistas da economia circular e precisam ser valorizados nas políticas públicas. (Foto: Divulgação)

Com foco em inclusão social, inovação e sustentabilidade, a capital paraense, Belém, dá um passo estratégico para se tornar referência nacional em gestão de resíduos sólidos e economia circular.

Um projeto-piloto implementado pela Voga Consultoria, em parceria com as cooperativas Cocavip, CoocaOut e Cooperlimpa — ligadas à Central CENTPARA e à Rede Catapará — propõe transformar a forma como a cidade lida com seus resíduos, colocando os catadores no centro das soluções.

A iniciativa integra o Programa Smart Coop, alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, e tem como missão modernizar o modelo atual de gestão de resíduos, promovendo geração de renda, inclusão produtiva e preservação ambiental.

Catadores como protagonistas da mudança

O projeto parte do reconhecimento de que catadores e catadoras de materiais recicláveis são protagonistas da economia circular e precisam ser valorizados nas políticas públicas. Mais do que discurso, a proposta prevê a formalização dos trabalhadores, melhorias estruturais nas cooperativas e estímulo à criação de novos negócios sustentáveis.

“Belém só vai avançar nessa pauta se assumir uma nova agenda com coragem política e compromisso com a dignidade humana”, destaca Juliana Dias, uma das coordenadoras da iniciativa.

Entre as ações prioritárias está a elaboração de um Plano Municipal de Resíduos Sólidos, com metas claras, orçamento definido e participação ativa das cooperativas em todas as etapas de planejamento e execução. O fortalecimento das centrais de triagem também está no foco, com investimentos em infraestrutura, tecnologia e logística própria para coleta seletiva.

Qualificação e parcerias estratégicas

Outro pilar do programa é a formação continuada dos trabalhadores, com incentivo a parcerias com o Sistema S, universidades e organizações do terceiro setor. O objetivo é oferecer capacitação em áreas como gestão, saúde, cidadania e empreendedorismo, fortalecendo o protagonismo dos catadores e ampliando suas oportunidades de renda.

Para os grandes geradores de resíduos — como empresas, centros comerciais, supermercados e condomínios — o programa recomenda a implementação de programas de logística reversa, incentivos fiscais e certificações ambientais.

“A formalização de contratos entre empresas e cooperativas é uma medida estratégica para consolidar o mercado da reciclagem”, acrescenta Fábio Barra, também coordenador do programa.

Educação ambiental e participação cidadã

A educação ambiental também é um dos eixos centrais do projeto. Estão previstas campanhas permanentes, aliadas a tecnologias digitais, com foco em ampliar a conscientização da população e valorizar o trabalho dos catadores.

Ferramentas como aplicativos e plataformas online devem ser utilizadas para mapear rotas de coleta seletiva em tempo real, promover transparência nas ações e incentivar o engajamento da sociedade.

Além disso, o projeto propõe a criação de observatórios e fóruns permanentes, reunindo representantes do poder público, setor privado, sociedade civil e instituições acadêmicas. A ideia é construir uma governança colaborativa para monitorar resultados, propor ajustes e garantir o controle social das políticas públicas.

Alinhamento com os ODS da ONU

Com base nos compromissos da Agenda 2030, o Programa Smart Coop contribui diretamente com os seguintes Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS):

ODS 1 – Erradicação da pobreza

ODS 6 – Água potável e saneamento

ODS 8 – Trabalho decente e crescimento econômico

ODS 9 – Indústria, inovação e infraestrutura

ODS 11 – Cidades e comunidades sustentáveis

ODS 12 – Consumo e produção responsáveis

ODS 13 – Ação contra a mudança global do clima

ODS 17 – Parcerias para implementação

Um novo ciclo para a cidade

Com planejamento, diálogo e investimentos, Belém pode transformar um dos seus principais desafios urbanos em oportunidade de desenvolvimento sustentável. Apostar nas cooperativas e nos catadores é investir no futuro da cidade, na inclusão social e em uma nova economia — mais justa, inteligente e conectada com os desafios ambientais da Amazônia.


(Da Redação do Fato Regional, com informações da Assessoria de Imprensa).

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