Desde a tarde de quarta-feira (8), alguns manifestantes da classe dos caminhoneiros se reuniram na altura do Km 8 da Rodovia Transamazônica, na Vila São José, em Marabá. A reivindicação da classe é para baixar o preço do combustível que está impossibilitando os trabalhadores de seguirem viagem.
De acordo com Rosivaldo Freitas, que atualmente está trabalhando como caminhoneiro, o ICMS – Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual, Intermunicipal e de Comunicação – está dificultando o trabalho.
“Estamos querendo condições de trabalho e isso depende do poder público. O Governo do Estado tem no mínimo que ser sensível a essa classe que gera emprego e renda. Se não tivermos um combustível competitivo não vamos conseguir trabalhar”.
Para o Correio, Rosivaldo explicou que os caminhões estão parados e ficando sucateados, e reclamou das estradas. “Se os caminhoneiros sucumbirem, toda a sociedade vai sofrer. Utilizamos muito as estradas estaduais e estão em péssimas condições. Não temos nem acostamento.
Os manifestantes afirmam que irão continuar reunidos no local e afirmaram que a rodovia deve ser fechada na tarde desta quinta-feira (9). O horário ainda não foi definido.
Eles estão com isopor com águas e fizeram até um improviso de uma churrasqueira, onde estão assando carne. Ali pretendem ficar por tempo indeterminado.
Ação política
A atitude dos caminhoneiros em Marabá não foi um ato isolado. Ao menos sete estados registram bloqueios, nesta quarta-feira (8/9), em rodovias federais, subindo o nível de alerta de transportadoras e mercados. Alguns postos já começaram a ficar sem combustíveis.
O movimento é organizado por caminhoneiros autônomos, um dia após manifestantes pró-governo pedirem, dentre outras pautas, o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional, em diversos atos pelo país.
Há registros de bloqueios em rodovias federais do Pará, Goiás, Paraná, Espírito Santo, Santa Catarina, Mato Grosso, Bahia e Tocantins.
“Pontos de interdição nas rodovias federais no PR [Paraná] em decorrência de manifestações: BR-376 Km 109 em Paranavaí e BR-376 Km 188 em Maringá. Estão sendo retidos apenas veículos de carga. Veículos de passageiros e cargas perecíveis estão liberados”, informou a PRF do Paraná, em comunicado via rede social.
Em Tocantins, a PRF informou ao Metrópoles que um grupo de pessoas fechou a rodovia em Araguaína utilizando pneus e um caminhão. “Ao que parece, nem todos são caminhoneiros. Esse grupo está impedindo a passagens de caminhões pela rodovia. A PRF já está no local tomando as devidas providências”, detalhou.
Em Goiás, a PRF registra os seguintes pontos com manifestações nas rodovias federais:
“- BR-153, em Itumbiara, na região sul do estado:
bloqueio parcial da via por veículos de carga, com uma das faixas liberadas para carros de passeio, cargas perecíveis e transporte de passageiros.
– BR-153, em Porangatu, norte do estado:
bloqueio parcial da via por veículos de carga, com uma das faixas liberadas para carros de passeio, cargas perecíveis e transporte de passageiros. Em ambos os sentidos da via.
Em Mineiros, na BR-364, houve bloqueio parcial, mas, no momento, a pista está totalmente liberada.
Em Santa Rita do Araguaia, na BR-364, região sudoeste do estado, há manifestantes que chegaram a bloquear parcialmente a rodovia, mas no momento o trânsito flui normalmente, sem interdições.
Em Campo Alegre de Goiás, BR-050, há manifestantes às margens da rodovia, sem interdição. Trânsito flui normalmente.
PRF nos locais acompanhando e monitorando as movimentações, negociando para liberação total da via.”
Em Mato Grosso do Sul, segundo a PRF, a interdição é organizada por indígenas. Ao menos dois pontos ainda estavam interditados no fim desta tarde, e outros cinco foram liberados.
Preocupação
Em nota, a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) manifestou “total repúdio” às paralisações organizadas por caminhoneiros, por influência de supostos líderes da categoria.
“Trata-se de movimento de natureza política e dissociado até mesmo das bandeiras e reivindicações da própria categoria, tanto que não tem o apoio da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos”, explicou a associação.
Segundo a NTC, o bloqueio nas rodovias poderá causar sérios transtornos à atividade de transporte realizada pelas empresas, “com graves consequências para o abastecimento de estabelecimentos de produção e comércio, atingindo diretamente o consumidor final, de produtos de todas as naturezas inclusive os de primeira necessidade da população como alimentos, medicamentos, combustíveis etc”.
A associação disse também esperar que os governos federal e estaduais adotem as providências indispensáveis para assegurar às empresas de transporte rodoviário de cargas o pleno exercício do seu direito de ir e vir e de livre circulação nas rodovias em todo o território nacional.
Fonte: Correio de Carajá
Foto: Agência Brasil