Pesquisadores do Instituto de Saúde Carlos III de Madri, na Espanha, fizerem um estudo que revelou que o nascimento do primeiro filho provoca modificações na estrutura do cérebro dos pais. Segundo os cientistas, o órgão deles diminui: em média, os homens perdem de 1% a 2% do volume do córtex após a chegada do bebê.
Estudos anteriores já mostraram que a maternidade pode causar alterações na estrutura do cérebro das mulheres, com mudanças nas redes subcorticais límbicas, associadas aos hormônios da gravidez. A alteração teoricamente diminui a massa cinzenta, mas as ajuda a focar no bebê, aumentar a empatia e a aproximação com a criança. Também é por isso que elas ficam mais esquecidas e com dificuldade de raciocínio lógico.
“Estudar os pais oferece uma oportunidade única de explorar como a experiência parental pode moldar o cérebro humano quando a gravidez não é vivenciada diretamente”, explicam os autores do estudo no artigo publicado na última quarta-feira, 7, na revista Cerebral Cortex, ligada à Oxford Academic.
Os pesquisadores coletaram dados e imagens cerebrais feitas por ressonância magnética de 20 homens durante a gestação de suas parceiras e até oito meses após o nascimento do primeiro filho. A pesquisa contou ainda com informações de um grupo controle formado por 17 voluntários sem filhos.
Eles buscavam compreender se a transição para a paternidade provocava mudanças anatômicas no volume, espessura e no córtex cerebral, a cama externa de substância cinzenta.
Embora não tenham apresentado alterações nas redes subcorticais límbicas – como ocorre com as mulheres –, os homens mostraram sinais de redução do volume do sistema visual e alterações cerebrais no córtex, área do cérebro envolvida na compreensão social.
Os cientistas não sabem exatamente por que as mudanças acontecem. “Os resultados sugerem um papel único do sistema visual em ajudar os pais a reconhecer seus filhos e a responder de acordo. Essa hipótese precisa ser confirmada em estudos futuros”, dizem os pesquisadores.
Na avaliação dos especialistas, o estudo apoia a ideia de que a transição para a paternidade pode representar uma janela significativa de mudanças no órgão para adaptar o indivíduo às alterações promovidas pela paternidade.