sexta-feira, 22 de novembro de 2024

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Com 25 mortos, operação no Jacarezinho já é a mais letal da história do RJ

O caso aconteceu na tarde ontem, 6
Crédito: Reprodução/Twitter @vozdacomunidade

Uma operação policial realizada na quinta-feira, 6, no Jacarezinho, zona norte do Rio de Janeiro, já é considerada a mais letal da história, segundo informações do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni) da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da plataforma Fogo Cruzado, deixando um saldo de 25 mortos.

Um dos mortos durante a ação, foi o policial civil André Leonardo de Mello Frias, da Delegacia de Combate à Drogas (Dcod). De acordo com a Polícia Civil, as outros 24 pessoas assassinadas eram criminosos, porém, não revelou as identidades ou as circunstâncias para que fossem mortos.

A polícia nega que tenha havido execução.

Para o sociólogo Daniel Hirata, do Geni/UFF, a operação de hoje é classificada como inaceitável e afirma que é mais grave do que chacinas como a que ocorreu na Baixada Fluminense, no ano de 2005, ou a de Vigário Geral, em 1993.

“Foi a operação mais letal que consta na nossa base de dados, não tem como qualificar de outra maneira que não como uma operação desastrosa (…) É uma ação autorizada pelas autoridades policiais, o que torna a situação muito mais grave”.

Segundo relato dos moradores, a ação de hoje ficou mais violenta após constatarem a morte do policial e que ficou “incontrolável”.

Em nota, a Polícia Civil informou que a operação foi contra o crime organizado e que o Ministério Público foi comunicado sobre a ação, conforme determina o Supremo Tribunal Federal (STF).

Desde junho de 2020, o STF suspendeu a realização de operações em favelas por conta da pandemia. A decisão permite que sejam realizadas ações somente em “hipóteses absolutamente excepcionais”, com o Ministério Público sendo avisado.

“Temos uma cadeia de responsabilizações que precisa ser apurada. Se trata de uma operação policial, um caso gravíssimo de violência de Estado. Não é grupo de extermínio, maus policiais, milicianos. É uma operação autorizada pelas autoridades. E tudo isso em um momento em que há a determinação de suspensão das operações policiais nas comunidades pelo Supremo Tribunal Federal”, diz o especialista.

Segundo o MP informou através de nota, o órgão foi comunicado “logo após o seu início, sendo recebida às 9h”. A operação, de acordo com o MP, foi feita para dar cumprimento à prisão preventiva e buscas e apreensão contra traficantes.

Até às 17h10 tinham sido apreendidos:

– 16 pistolas
– 6 fuzis
– 12 granadas
– 1 submetralhadora
– 1 escopeta

O MP afirmou que abriu uma investigação sobre o caso e que recebeu ocorrências relatando abuso policial em seu plantão de atendimento.

Conforme um levantamento de 2019, feito pelo Ministério Público, mostra que o aumento da violência policial não reduz a ocorrência de crimes ou de homicídios no Rio de Janeiro.

O estudo conclui que:

– letalidade policial não causa redução de homicídios e roubos;
– Rio tem a polícia mais letal, e está entre os 10 mais violentos;
– áreas onde há uma maior redução de assassinados não registraram aumento de mortes por policiais;
– ações policiais esporádicas não foram capazes de reduzir o problema da segurança pública;
– e, confrontos aumentam risco de matar inocentes e afetar serviços públicos.

Nas redes sociais, moradores do Jacarezinho informaram mais mortes que as que foram computadas, além de corpos no chão, houveram, segundo eles, invasão de casas e celulares confiscados. À tarde, eles chegaram a realizar um protesto na comunidade.


Dois passageiros do metrô foram baleados em um vagão da linha 2, próximo a estação Triagem, e sobreviveram. Um morador levou um tiro no pé, dentro de casa, e passa bem. Dois policiais civis também foram feridos na ação.

 

Com informações do G1