quinta-feira, 21 de novembro de 2024

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Com mais de 2,5 mil pacientes, Pará tem a 6ª maior fila de espera por mamografias do Brasil, aponta pesquisa

Ao todo, 77.243 brasileiras esperam por uma mamografia, como aponta o levantamento do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), com base em dados do Ministério da Saúde. O tempo médio de espera no país é de 24 dias. O Inca alerta que a demora entre a solicitação do exame e entrega de resultados desestimula o diagnóstico e controle do câncer de mama.
O tempo de espera por uma mamografia no Pará pode ser de até 21 dias, levando à fila de 2,5 mil pacientes na fila, número que o CBR acredita que possa ser muito maior devido à subnotificação (Foto: Agência Pará / Divulgação / Imagem Ilustrativa)

O Pará tem a sexta maior fila de espera por uma mamografia do Brasil, com 2.525 mulheres aguardando, em média, pouco mais de 21 dias. Os dados constam num levantamento nacional, feito pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) e divulgado nesta quinta-feira (31). As informações foram coletadas em sistemas do Ministério da Saúde no dia 21 de junho deste ano. Esse é o cenário do estado onde atua uma médica que critica o exame e diz que o câncer de mama não existe.

No cenário nacional, são 77.243 mulheres na fila e o tempo de espera é, em média, de pouco mais de 24 dias pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O estado com a maior fila é Santa Catarina, com 17.079 mulheres. Em seguida vêm São Paulo (15 mil) e Rio de Janeiro (12,5 mil). Os três estados somam 56% da demanda total. O pior tempo médio para realizar o exame é no Distrito Federal, onde pacientes podem esperar até 81 dias. Em seguida vêm Rondônia (59 dias) e São Paulo (43 dias).

“Os números revelam parte da sobrecarga no SUS e devem ser levados em conta, especialmente pelos recém-eleitos nas eleições municipais, na formulação e manutenção de políticas de saúde pública”, diz nota do CBR sobre o estudo. A entidade reforça que o exame, quando realizado em tempo hábil, permite a detecção precoce de alterações mamárias, aumentando as chances de tratamento bem-sucedido e reduzindo a necessidade de intervenções invasivas e onerosas para tratamento do câncer de mama.

(Arte: Luã Couto / Fato Regional)

No estudo do CBR, é citado um relatório recente do Instituto Nacional de Câncer (INCA), que aponta que longos períodos entre a solicitação do médico e a emissão do laudo da mamografia podem dificultar a adesão da população ao rastreamento, tratamento e controle do câncer de mama. Em 2023, 48,8% das mamografias de rastreamento tiveram laudos liberados em até 30 dias após a solicitação do exame, enquanto 36% dos laudos foram liberados com mais de 60 dias.

Para o CBR, a real fila de espera por mamografias no SUS pode ser ainda mais longa do que o indicado oficialmente: “Isso porque o SISREG [Sistema de Regulação] do Ministério da Saúde, plataforma que deveria registrar em uma fila única as demandas por cirurgias eletivas no país, depende de dados fornecidos voluntariamente pelas secretarias de saúde estaduais e municipais. Um exemplo dessa discrepância pode ser observado no Distrito Federal, onde o sistema nacional informa uma fila de espera de 306 pacientes aguardando pelo exame. No entanto, dados divulgados pela imprensa local, baseados no Mapa Social do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPTDF), apontam que o número real de mulheres à espera de uma mamografia é dez vezes maior, alcançando 3,6 mil”.

Por fim, a nota do sobre o estudo do CBR critica a disparidade entre regiões e o tempo médio de espera, apontando “…necessidade urgente de intervenções eficazes e de políticas públicas capazes de reduzir as filas e garantir acesso equitativo ao diagnóstico”.

Por nota ao Fato Regional, a Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) se limitou a informar que “…a rede de atendimento para este tipo de exame está normal no estado”. E mais nada.

Mais da metade das mulheres do Pará só descobre o câncer de mama de forma tardia e às vezes em estágios avançados devido à baixa procura de exames de mamografia (Foto: Agência Pará / Divulgação / Imagem Ilustrativa)

55% das mulheres do Pará só descobrem o câncer de mama tarde demais

A meta de cobertura de mamografias é de 70%, como recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas o Brasil malmente tem passado de 30%, na faixa de 50 a 69 anos. Historicamente, a região Norte apresenta o pior cenário, com cobertura de mamografias abaixo de 13% em praticamente todos os municípios. Os dados também são do Instituto Nacional do Câncer (Inca), divulgados no início de outubro. No levantamento, 55% das mulheres do Pará só descobrem o câncer de mama quando já é tarde.

A pesquisa do Inca é um dos motivos pelos quais existe a campanha Outubro Rosa. Os dados do instituto mostram que 54% das mulheres brasileiras subestimam a importância da mamografia – principal exame de rastreamento, como afirma a Sociedade Brasileira de Mastologia. Até o final deste ano, estima-se que mais de 73 mil novos casos de câncer de mama serão registrados no Brasil. E o diagnóstico tardio dificulta o tratamento. Se iniciado a tempo, a chance de cura é superior a 90%.

(Victor Furtado, da Redação do Fato Regional)


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