Os corpos e alguns dos sobreviventes do recente acidente rodoviário no Paraná, chegaram a Belém na madrugada desta quinta-feira (28). No Aeroporto Internacional de Belém, as famílias choravam e fizeram uma pequena homenagem. Das 19 vítimas mortas, 18 voltaram ao Pará. Uma delas foi entregue à família na cidade de Palhoça (SC). Uma parte dos sobreviventes também veio. Alguns deles moravam no eixo centro-sul do Brasil e após receberem alta, seguiram os destinos finais previamente planejados, antes da viagem ser interrompida pela tragédia, na manhã da última segunda (25).
O avião usado para transporte dos corpos, dos sobreviventes e de familiares que foram ao Paraná em busca de informações, foi fretado pelo Governo do Estado. Chegou à 0h20.
Ao todo, 31 pessoas ficaram feridas, sendo que quatro delas estão em estado grave. Essas, o Governo do Pará segue monitorando e deverá providenciar transporte também quando receberem alta médica. O Governo do Paraná geriu quase toda a crise causada pelo acidente, com a ajuda do governo paraense, que montou um gabinete multidisciplinar de gestão de crise. A empresa TC Pires da Cruz, responsável pelo ônibus, também se manteve solícita e disposta a cooperar. Detalhes de toda a operação conjunta entre os dois estados foram revelados em entrevista coletiva, nesta quinta.
O titular da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), Ualame Machado, explicou que o Governo do Pará está prestando assistência psicossocial às famílias enlutadas. Uma psicóloga esteve acompanhando a operação e orientando sobre como melhor lidar com as emoções das famílias: que informações dar, como dar e quando dar. Agora, após o sepultamento, o apoio deve seguir por mais algum tempo. Em relação a indenizações, a empresa deverá arcar com isso a partir dos seguros inerentes da atividade de transporte.
“Inicialmente circulou uma lista com nomes de passageiros. Porém, essa lista apenas tinha os nomes de quem saiu de Belém. Ao longo da viagem, algumas pessoas foram desembarcando e outras foram embarcando. O trabalho dos dois governos tem sido em relação às 19 vítimas mortas e aos 31 feridos que foram identificados. Um dos motoristas saiu ileso, já prestou depoimento à Polícia Civil e um inquérito será aberto. O segundo motorista já teve alta médica e já prestou depoimento também”, declarou Ualame.
Trabalho da perícia paranaense conciliou agilidade e sensibilidade
O diretor-geral do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, Celso Mascarenhas, destacou que a atuação da perícia criminal do Pará foi histórica, exemplar e pioneira, deixando uma rica experiência trocada entre as instituições. “Não podíamos demorar em respeito às famílias enlutadas. Então fizemos de tudo para agilizar a parte documental. Desde as 16h desta quarta (27), começamos a reunir as famílias. Até as 3h30 desta madrugada, todos os corpos já haviam sido entregues. Um trabalho entre dois órgãos, cada um num extremo do país”, disse, agradecendo a cooperação.
Patrícia Cancelier é perita criminal do Paraná e faz parte da Comissão Permanente de Identificação de Vítimas de Desastres. Ela ressaltou que a cooperação entre os sistemas de segurança dos dois estados facilitou que todo o trabalho fosse mais rápido e preciso, evitando atrasos que só angustiam mais as famílias. Ele disse ter um carinho especial pelo Pará, pois em 2018, ela participou de um ciclo de capacitações para identificação de vítimas de desastres com o Centro de Perícias Científicas Renato Chaves. No currículo, ela traz a experiência da identificação das vítimas do desastre com a barragem da Vale em Brumadinho (MG).
“Antes de mais nada, nós lamentamos esse incidente e essa situação tocante para todas as famílias. É uma situação que toca nosso lado humano. Num evento como esse, com muitas vítimas, vários setores, e são muitos, da perícia criminal são acionados. Essa integração entre os dois estados foi um processo construído, mas rápido. Não tínhamos uma lista precisa de vítimas. Entre elas, dois menores, que não tinham identificação pela papiloscopia e recorremos a exames de DNA. Na terça, todos já estavam identificados. Foi um trabalho quase sem descanso de mais de 30 servidores especializados. Não diminuímos o sofrimento das famílias. Mas ao menos não aumentamos”, declarou Patrícia.
Os laudos do acidente, explicou a perita do Paraná, são mais complexos. Esses ainda devem demorar mais um pouco até serem liberados e a Polícia Civil ainda pode solicitar mais informações específicas. Nesse sentido, não há data precisa para a parte investigativa do acidente que vitimou 19 pessoas e deixou 31 feridas. O ônibus que sofreu o acidente, era misto de turismo e transporte comum. Saiu de Belém com destino a Balneário Camboriú (SC). O acidente ocorreu no quilômetro 668 da rodovia BR-376, na região de Guaratiba (PR).
(Victor Furtado, da Redação Fato Regional)