quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

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Devotos de outros estados enfrentam riscos para participar do Círio

Sem negligenciar cuidados contra o coronavírus, eles chegam a Belém para resgatar votos e agradecer pela vida em momento de pandemia
Família Furtado (Akira Onuma / O Liberal)

Em 2019, ao menos dois milhões de pessoas acompanharam o Círio, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA). Esse número se mantém desde os anos 90, mas provavelmente terá uma redução significativa este ano, por causa do cancelamento das romarias e procissões nas ruas, resultado dos cuidados com a Covid-19. Ainda assim, fiéis fervorosos não deixarão de vir de suas cidades a Belém para manifestar a devoção a Nossa Senhora de Nazaré.

Marcelo Fonseca, 48 anos, gari na cidade do Rio de Janeiro, conta que Belém é sua paixão desde 2016, quando esteve aqui pela primeira vez. Embora tenha voltado mais duas vezes, é em 2020 que ele ‘pagará’ sua primeira graça alcançada.

Quando conheceu Belém, ele conta que estabeleceu uma relação próxima com Nossa Senhora, fato que se reforçou em 2018 quando esteve aqui, doente, e fez um pedido especial à Santinha.

“Às vésperas de ir a Belém, tive uma erisipela na perna direita e os médicos me proibiram de viajar, devido ao risco de trombose. Fiquei muito triste e pensei em desistir, mas um sentimento muito forte dentro de mim me fez mudar de ideia”.

E assim aconteceu. Nos primeiros dias em Belém, Marcelo ainda sentia muita dor, sem poder andar direito. Durante esse período, ele conta que, embora seguidor da doutrina espírita, assistiu a três missas na Basílica de Nazaré e durante a terceira sentiu sua perna coçar bastante, sintoma geralmente observado quando algo está sarando.

“Me senti tão fortalecido na minha fé, que fiz a promessa por minha cura; graça alcançada ainda durante minha estada em Belém, no ano de 2018”, relata.

Como no ano passado ele não pode vir, Marcelo diz que cumprirá este ano o prometido, mesmo correndo os riscos por sua condição de diabético e hipertenso.

“Tomarei todos os cuidados, usarei máscara e álcool gel o tempo todo e farei meu check-in pela internet. Ao contrário dos anos anteriores, quando fiz turismo pelo Estado, este ano meu objetivo é pagar minha promessa e, claro, rever meus amigos queridos. Mas a Nazica é prioridade.”, diz ele, em meio a gargalhadas, ressaltando que já tem essa intimidade com a Santa.

GRATIDÃO

A administradora Ana Paula Friás, 36 anos, também resolveu enfrentar a viagem e vem com a família inteira de Porto Velho (RO).

“Somos um grupo de 13 pessoas que se divide em promesseiros e turistas, conterrâneos e visitantes. Tenho tios e primos de minha família materna que nasceram e vivem até hoje aqui”, diz ela.

Paula conta que, desde criança, aprendeu a recorrer à Nossa Senhora de Nazaré nos momentos mais difíceis da vida.

“Sei que o momento é delicado e que os cuidados devem ser triplicados, mas esse me parece ser o novo normal por algum tempo. Vamos adotar todos os procedimentos necessários à nossa segurança e seguir com fé de que nada de ruim nos acontecerá. Alugamos uma casa em Mosqueiro, para evitar as aglomerações típicas dessa época, e vamos visitar a Basílica e pagar nossas promessas após a programação oficial Círio. Não vou colocar a vida da minha família em perigo”, garante.


Paula revela que vem agradecer por sua vida e a de seus familiares que se curaram do vírus. “Foram dias terríveis, mas todos sobreviveram e estão bem. Hoje somos só gratidão ao menino Jesus e à Nossa Senhora de Nazaré pelo dom da nossa vida”, conta a administradora.

 

 

Fonte: O Liberal