quinta-feira, 25 de abril de 2024

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Dia Internacional Contra a LGBTIfobia: saúde mental LGBTI+ é uma preocupação

Estudos indicam que 7,3% dos LGBTIs tentam quatro vezes ou mais o suicídio.
Gleyson Oliveira, presidente da ONG Olívia (Ivan Duarte / O Liberal)

A população LGBTI+ está sujeita a uma carga emocional pesada. O preconceito, o medo da violência, a rejeição social, a conjuntura política… todos esses fatores são constantes e em muitos espaços de convivência, como casa, escola, trabalho, centros religiosos. Isso leva ao adoecimento mental de LGBTIs. Por isso são pessoas que se veem com frequência sofrendo com depressão, ansiedade e cada vez mais tentando suicídios (muitas vezes conseguem).

O psicólogo e escritor Andrew Solomon, que é gay e um dos principais estudiosos de depressão e outras doenças mentais do mundo, cita estudos na obra “A epidemia oculta”. Um deles é uma amostra com 4 mil homens, de 17 a 39 anos, no qual 3,4% dos heterossexuais havia tentado suicídio em algum momento da vida e 20% dos homossexuais haviam tentado. Outro estudo mostra que 7,3% dos LGBTIs tentam quatro vezes ou mais o suicídio, enquanto essa estatística só ocorria em 1% de heterossexuais.

Ainda nos estudos de Solomon, as doenças mentais, pensamentos suicidas, tentativas de suicídio e suicídios de LGBTIs costumam apresentar alguns gatilhos. O principal deles é a LGBTIfobia. Mas há a rejeição familiar, a solidão, a dificuldade de adaptação social, o abandono de estudos, a dificuldade em conseguir emprego e alguns até têm dificuldade em aceitação da própria orientação sexual ou identidade por terem sido criados em ambientes tóxicos e LGBTIfóbicos.

Gleyson Oliveira, presidente da ONG Olívia, cita outros fatores: ser negro, ser pobre, morar em periferias e ter o vírus HIV. Às vezes, tudo isso se junta. O resultado é uma vida de medo, dor e desespero. Algo que leva LGBTIs às drogas, à marginalização, à prostituição, à violência e muitas vezes à morte.

“Para nós, militantes, a saúde mental também é um preocupação. Estamos sempre lidando com o acolhimento de pessoas em situações muito difíceis. Em contato com casos de violência constantes, com crueldade. Estamos expostos à violência também. E isso afeta as mentes de qualquer pessoa”, conclui Gleyson.

Controle social precisa ser restabelecido para criação e manutenção de políticas públicas

Para João Jorge Neto, presidente da Comissão de Diversidade Sexual e Combate à Homofobia da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Pará (OAB-PA), o controle social precisa ser restabelecido no Brasil. Ele fala sobre os conselhos sociais, que foram extintos no início do governo Bolsonaro. A participação social de LGBTIs na elaboração de políticas públicas é essencial e constitucional. E um caminho eficiente no enfrentamento do ódio e a LGBTIfobia no Brasil.

João Jorge pontua que, em nível mundial, o cenário segue não sendo favorável. Em 70 países, ser LGBTI+ é crime. Em alguns casos, pode ser punido até com morte. “É desolador. Na Rússia, uma transexual foi assassinada e cozinhada. O Brasil, apesar de não considerar ser LGBTI+ crime, é líder em, casos de violência contra travestis e pessoas trans. Em 2018, no país, foram 420 casos. O Pará teve 12. E muitos casos são subnotificados”, analisa.

O 17 de maio, diz o advogado e psicólogo, é uma data de refletir sobre conquistas e pensar em estratégias de enfrentamento da LGBTIfobia e criação de políticas de inserção social. “Independente do governo, o cenário nunca foi bom para LGBTIs no Brasil. Antes havia algum contato. E o governo atual dá voz e tira a máscara do fascismo. Os preconceituosos perderam a vergonha”, comenta.

O Brasil, destaca João Jorge, não tem uma política nacional ou plano nacional de enfrentamento da LGBTIfobia. A expectativa é de que oi Supremo Tribunal Federal (STF) retome o julgamento da equiparação dos crimes LGBTIfóbicos aos crimes de racismo. O início da votação já começou a movimentação de alguns projetos de lei protetivos à população LGBTI+.

“Ideal era enfrentar a violência através da educação. Educação é o que cura o ódio. Mas enquanto a educação não dá jeito, precisamos de medidas imediatas. Mas os retrocessos estão revelando LGBTIs que sentem a necessidade e obrigação de se engajar. Temos até heterossexuais ajudando,. dizendo que não precisa ser LGBTI+ para proteger essa população”, diz João Jorge, que também é o único membro da região norte na Comissão Nacional de Diversidade Sexual e Combate à LGBTIfobia.

Para o 17 de maio, espera que o poder legislativo tenha cada vez mais pessoas tecnicamente capacitadas para criar leis úteis e de interesse social, como emprego, renda e educação. E que a LGBTIfobia velada, a que considera a pior de todas, seja pensada pela população. “O preconceito que está no olhar, nas palavras, nas atitudes, é o pior de todos. Mas a LGBTIfobia está em todo lugar. No entanto, a população LGBTI+ é forte está acostumada a dificuldades”, diz.

No dia 29 de maio, haverá o primeiro seminário sobre LGBTIfobia institucional. Um momento para discutir o quanto LGBTIs, que precisam de determinados espaços de assistência, educação, segurança e saúde — onde pressupõe-se haver técnicos e pessoas preparadas para atender essa população —, sofrem onde deveriam ser assistidos.

 

 

Fonte: OLIBERAL.COM