A Polícia Federal prendeu nesta quarta-feira (17) o diretor da Agência Nacional de Mineração (ANM), Caio Mário Trivellato Seabra Filho, em uma operação que investiga um suposto esquema de mineração ilegal.
A ação, realizada em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU), mira uma organização criminosa acusada de crimes ambientais, corrupção e lavagem de dinheiro. Seabra Filho é advogado de formação e compõe a cúpula da ANM.
Ao todo, estão sendo cumpridos 79 mandados de busca e apreensão, 22 mandados de prisão preventiva, além do afastamento de servidores públicos e do bloqueio e sequestro de ativos que somam R$ 1,5 bilhão. A Justiça também suspendeu as atividades das empresas envolvidas.
Segundo a PF, o grupo criminoso teria corrompido servidores em órgãos estaduais e federais de fiscalização ambiental para obter autorizações e licenças fraudulentas.
Com esses documentos, exploravam ilegalmente minério de ferro em larga escala, inclusive em áreas tombadas e próximas a unidades de preservação, causando danos ambientais e riscos socioambientais.
A investigação aponta que Seabra Filho manteve contato com empresários que lideravam o esquema e agia conforme os interesses do grupo.
Em um episódio, ele teria pedido vista de um processo na ANM para favorecer a organização criminosa.
Em outro, em novembro do ano passado, um empresário solicitou a alteração de um voto para beneficiar uma empresa específica, com pagamento de propina por meio de um escritório de advocacia.
Em nota, a ANM afirmou que “até o momento, não houve comunicação oficial à agência sobre eventuais medidas envolvendo servidores ou dirigentes” e reiterou seu compromisso com a legalidade, transparência e colaboração com as autoridades.
Intitulada Operação Rejeitos, a ação é desdobramento de uma investigação iniciada em 2020, que identificou extração irregular e comércio ilegal de minério.
A polícia descobriu que três empresários criaram uma organização criminosa usando uma rede de empresas com laranjas e “testas de ferro”, dificultando a investigação e mascarando movimentações bilionárias.
O grupo também teria pago propina a servidores de órgãos ambientais para acelerar processos e garantir licenças, incluindo a liberação de uma licença em pleno feriado de Natal.
Uma Unidade de Tratamento de Minerais (UTM) funcionava como núcleo financeiro do esquema, centralizando a produção e distribuindo recursos para empresas ligadas aos líderes do grupo. Entre 2019 e 2024, a UTM movimentou cerca de R$ 4,3 bilhões.
(Da Redação do Fato Regional, com informações do Globo).
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