Alexandre Pato foi titular do São Paulo no único jogo de mata-mata do time na temporada e, 21 dias depois, entrou em acordo com a diretoria para rescindir o seu contrato.
O que explica tamanha mudança de rumo em apenas três semanas? De acordo com quem acompanha o dia a dia do São Paulo, tudo começou porque Fernando Diniz se decepcionou com a postura do atacante nos dias seguintes à derrota para o Mirassol, pelo Paulistão, e decidiu que não valia a pena contar com ele.
Não há relatos de um ato de indisciplina ou de uma briga entre atleta e treinador. A insatisfação seria com uma suposta falta de competitividade no dia a dia, algo que pessoas mais próximas a Pato garantem que não aconteceu.
A opção de Diniz foi ficando evidente aos poucos. Já nos primeiros treinos após o vexame do Estadual, Pato perdeu a vaga na equipe titular para Liziero, mudança que seria posta em prática contra o Goiás, pela primeira rodada do Brasileirão (o jogo acabou sendo adiado) e foi confirmada contra o Fortaleza, na quinta-feira passada. Nem o edema na coxa esquerda de Vitor Bueno, que o tirou do jogo contra os cearenses de última hora e abriu uma vaga no ataque, mudou a situação: o técnico escalou Paulinho Boia como titular. Para piorar, fez só duas das cinco substituições possíveis e não tirou o camisa 7 do banco.
Foi a gota d’água. Pato iniciou a semana convicto de que o melhor caminho era romper o contrato, a ponto de abrir mão de R$ 35 milhões que teria a receber até o fim do vínculo, em dezembro de 2022, o que inclui algumas luvas atrasadas.
A diretoria do São Paulo, que já considerava o custo-benefício do jogador muito ruim, agora comemora a economia em meio à crise financeira. O salário de Pato era um dos mais altos do elenco, incompatível para um atleta que não goza de prestígio com o treinador.
O clube já sabia que poderia ter dificuldades para bancá-lo quando o contratou, em 2019. Na época, pressionado pela concorrência do Palmeiras, que ficou bem perto de acertar com o atacante, o São Paulo topou fazer um contrato longo mesmo que o nome não fosse unanimidade internamente. O técnico da ocasião, Cuca, chegou a manifestar à diretoria que não gostaria de tê-lo como reforço por não apreciar suas características, mas acabou convencido. Pesaram os pedidos insistentes da torcida.
Para superar o rival, que oferecia um contrato só até dezembro de 2019 e estipulava metas a serem cumpridas para que uma renovação fosse efetuada, o São Paulo prometeu a Pato um salário menor até o fim do ano passado, mas a segurança de que os valores aumentariam substancialmente a partir de janeiro de 2020 sem a necessidade de bater qualquer meta. Para arcar com os custos desta e de outras contratações recentes, a diretoria apostava em um aumento de receitas que nunca veio, até porque a equipe não conquistou títulos desde então. Pior: a inesperada paralisação do futebol devido à Covid-19 asfixiou de vez as finanças do clube e tornou inviável a manutenção da folha salarial. Por isso, além de Pato, também saíram Anderson Martins e Everton (em troca com Luciano).
Interlocutores de Pato garantem que ele não tem acordo com outro clube. O Internacional, clube que o revelou e pelo qual foi campeão mundial em 2006, é o principal candidato a contratá-lo, mas já avisou que não chegará perto dos salários que ele tinha no Morumbi.
A diferença entre os vencimentos dele no São Paulo e o que o Colorado pode pagar tornou inviável um acordo para troca de jogadores. Um nome que chegou a ser debatido no Tricolor foi o do meio-campista Nonato, de 22 anos, mas o assunto não andou.
Fonte: O LIBERAL