Todos os meses, o Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB) recebe 40 novos pacientes diagnosticados com a doença de chagas. São quase 500 registros por ano. Uma equipe formada por especialistas em várias áreas da saúde integra o Programa Interdisciplinar de Doença de Chagas do hospital, referência estadual no tratamento da doença. A principal forma de transmissão é pela via oral, através do consumo de alimentos. Alertar a população sobre prevenção é de extrema importância para reduzir o número de casos dessa patologia que pode levar até à morte.
É o que explica a coordenadora do Programa e médica cardiologista, Dilma Souza. Segundo a especialista, é uma doença infecciosa, causada pelo parasita Trypanosoma cruzi, que é transmitida pelas fezes do inseto conhecido como barbeiro. Devido ao elevado consumo de açaí, que é um alimento in natura produzido na região, o aparecimento da doença costuma ser atrelado a esse fruto.
Porém, a médica diz que o cuidado deve se estender aos alimentos ingeridos crus, como todas as frutas e hortaliças. “A principal forma de transmissão é via oral, ingerindo alimentos contaminados com as fezes do barbeiro. Todos os frutos como açaí, goiaba, bacaba, podem estar contaminados. Se a fruta não é bem higienizada, a pessoa come e pode se infectar“, ponderou ela, acrescentando que o ideal seria que “todos os frutos passassem pelo processo de branqueamento”.
No mês passado, houve um registro de surto na capital, quando nove pessoas foram diagnosticadas com a doença de chagas, com contaminação proveniente da ingestão de açaí, tendo como provável fonte de contaminação um ponto de venda localizado na feira da avenida 25 de Setembro, no bairro do Marco. O Programa do Barros Barreto articula ações de ensino, pesquisa e extensão. Recebe pacientes encaminhados de todo o Pará, ofertando atendimento multidisciplinar, desde a consulta com os médicos, até nutricionistas e psicólogos, para sanar as dúvidas dos pacientes.
O principal sintoma da fase inicial da doença ou aguda, que caracteriza a doença de chagas, é a febre, em média, de 38°, que persiste por mais de sete dias. Mas o paciente infectado pode apresentar ainda dor de cabeça, dores articulares e no corpo, inchaço no rosto e pernas. Pode haver também dor abdominal e palpitação. “As chances de cura na fase aguda são em torno de 60% a 80%. Então, é possível que a pessoa se cure fazendo tratamento por 60 dias com o benzimidazol, medicamento que elimina o parasita. Faz isso junto com o tratamento do coração, quando há comprometimento”,esclareceu a médica.
Fonte: DOL