Desde que a pandemia de covid-19 se instalou no mundo, muitas pessoas se viram obrigadas, por segurança, a ficar em casa. Entre elas, um público que não está acostumado a tanta limitação: as crianças. São os pequenos que além da liberdade reduzida, viram a escola ficar diferente, com aulas a distância, conteúdos com pouca ou nenhuma interação e um convívio com adultos da família igualmente estressados e cansados. Profissionais da saúde mental, como a psicóloga Maísa Pannuti, supervisora do serviço de psicologia da rede de colégios Positivo, alerta para as condições de saúde mental das crianças.
O estresse, a ansiedade, o medo e a angústia são sentimentos que, em maior ou menor escala, muitos estão experimentando, observa a Maísa. Alguns de forma inconsciente, mas que se expressam em momentos de agitação, raiva e impaciência. “Como a família inteira está sob pressão por conta das dificuldades do cenário atual, a rede de apoio das crianças acaba ficando fragilizada”, afirma a psicóloga. O abalo emocional na infância e adolescência pode ser representado por meio de irritação, inquietação, tédio, alterações do sono e do apetite e sinais de medo e insegurança, aponta ela.
Ficar o dia inteiro trancado em casa, destaca a psicóloga, pode afetar o desenvolvimento e o comportamento das crianças de todas as idades. A falta de atividade física, a exposição excessiva às telas e falta de contato com os colegas e professores contribuem para agravar o quadro. Maísa ressalta: “a tendência natural dos pais protegerem seus filhos, algumas vezes, pode levar à falsa interpretação de que eles estão sofrendo em demasia, dadas as limitações que a situação exige e, com isso, surge a dificuldade de alguns em relação à imposição de limites e de responsabilidades aos filhos, com medo de causar frustração às crianças”.
“A família é o espaço mais protegido para frustrar-se e sofrer, pois é o local mais cheio de amor. Se a criança não aprender a lidar com as inevitáveis frustrações que a vida nos impõe, é possível que tente, na adolescência e na idade adulta, outros subterfúgios para sentir-se bem”, observa a psicóloga. Ou seja, é necessário impor rotinas de estudos, fazê-los ajudar nas atividades domésticas e nas responsabilidades com os pets, ao mesmo tempo em que presta atenção na sua saúde emocional. São alguns dos conselhos que ela aponta.
Uma boa ideia, sugere Maísa, é criar um quadro de tarefas para cada pessoa, incluindo as crianças pequenas. Atividades como molhar plantas, alimentar animais de estimação, guardar brinquedos e arrumar a cama são formas dos pequenos fazerem parte desse momento.
Para ajudar a reduzir os problemas emocionais, a psicóloga indica que o contato com os colegas seja mantido, pelo menos via internet. “Incentivamos bastante nas escolas o trabalho em grupo, mesmo que de forma digital, para que o contato com os colegas, que é uma ferramenta poderosa de combate à depressão, não seja perdido”, conta. Além disso, momentos de jogos, filmes e debates em família também ajudam bastante no desenvolvimento da inteligência emocional dos pequenos. “O diálogo é o melhor remédio de todos”, conclui.
(Da Redação Fato Regional, com informações da Central Press e Colégio Positivo)