A União das Escolas do Pará (Unesc), que representa 52 estabelecimentos particulares de ensino de Belém, promoveu um ato para exigir o retorno das aulas na capital, na manhã desta terça-feira (3). As aulas foram suspensas por decreto do prefeito Zenaldo Coutinho, no dia 29 de outubro. Apesar de os manifestantes garantirem se tratar de algo em favor da educação pública e privada, só havia argumentos em favor do ensino privado a cada discurso.
Trabalhadores do transporte escolar participaram do protesto. A avenida Nazaré chegou a ser totalmente interditada, em frente à Secretaria Municipal de Administração (Semad), onde funciona o gabinete do prefeito. As vans presentes no ato e o carro som foram multados e obrigados a sair da via.
Marcelo Ferreira, presidente da Unesc e mantenedor do colégio Perpétuo Socorro, argumenta que os protocolos adotados pelas escolas particulares evitaram contaminações e só houve registro de “casos isolados”. O decreto do prefeito foi chamado, por ele e outros manifestantes, de arbitrário, sem transparência, sem diálogo e sem embasamento cientîfico. Afirma que as escolas são ambientes seguros, diferente de segmentos econômicos que foram autorizados a funcionar.
“Em nenhum momento dissemos que queríamos que houvesse retorno apenas das escolas particulares. Nós [empresários da educação] não concordamos com o novo decreto porque não fomos consultados. Somos, periodicamente, visitados pela vigilância sanitária e não há dados científicos que justifiquem esse fechamento. No mundo todo, todos os setores estão fechados e as escolas abertas. Aqui, a educação é deixada em segundo plano e todo o resto aberto”, comentou Marcelo. Essa é uma informação distorcida.
Entre argumentos para a volta às aulas, havia um documento conjunto da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a educação precisar ser prioridade na retomada da economia. Só que esse documento diz que deve haver segurança e condições para isso. O decreto atual da prefeitura menciona uma suspensão temporária, até 30 de novembro, para avaliação epidemiológica do município.
João Sérgio Magalhães é presidente do Sindicato dos Transportadores Escolares Autônomos de Belém (Sincebel). Ele chorou ao falar que a categoria está financeiramente esmagada, pois não tem auxílio algum e nem como adaptar a atividade. “Somos 140 condutores escolares enfrentando essa crise, só em Belém. Estávamos neste mês nos levantando e então veio de novo a suspensão das aulas. Precisamos de uma solução”, comentou.
Zenaldo Coutinho ficou de emitir um novo parecer, a partir da tarde desta terça, após reunião com a equipe epidemiológica da prefeitura, sobre manutenção do decreto integral ou ajustes. Os manifestantes recusaram. Depois, foi oferecida uma reunião com uma comissão dos empresários na Secretaria Municipal de Saúde (Sesma). Eles recusaram novamente, querendo que eles não precisassem se deslocar para participar do encontro. O ato foi mantido até com carteiras escolares no meio da rua.
(Victor Furtado, da Redação Fato Regional, com informações de O Liberal)