O presidenciável Ciro Gomes, acaba de anunciar que “congelou” sua participação na corrida presidencial em protesto aos 15 deputados federais do PDT que votaram a favor da aprovação da PEC dos Precatórios na madrugada desta quinta-feira (4). A PEC turbina as chances de reeleição do presidente Jair Bolsonaro no ano que vem.
Decisivo para a vitória do governo nesta madrugada, o PDT contribuiu com 15 fundamentais votos a favor do Palácio do Planalto. Somente seis deputados, de uma bancada de 24, votaram contra a proposta, que passou por uma margem de quatro votos a mais que o mínimo necessário, de 308.
“Há momentos em que a vida nos traz surpresas fortemente negativas e nos coloca graves desafios. É o que sinto, neste momento, ao deparar-me com a decisão de parte substantiva da bancada do PDT de apoiar a famigerada PEC dos Precatórios. A mim só me resta um caminho: deixar minha pré-candidatura em suspenso até que a bancada do meu partido reavalie sua posição. Temos um instrumento definitivo nas mãos, que é a votação em segundo turno, para reverter a decisão e voltarmos ao rumo certo”, escreveu Ciro Gomes agora há pouco em seu perfil no Twitter.
Ciro Gomes afirmou ainda que “justiça social e defesa dos mais pobres não podem ser confundidas com corrupção, clientelismo grosseiro, erros administrativos graves, desvios de verba, calotes, quebra de contratos e com abalos ao arcabouço constitucional.”
O PDT foi convencido a votar a favor da PEC no fim da tarde da quarta-feira (3), quando pesou um acordo feito com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de que colocaria para votar um projeto de lei que destina aos professores 60% do que a categoria tem direito dessas dívidas, mas que será escalonada em três anos. Mesmo assim, os votos decisivos da bancada geraram bate-boca em plenário após a votação. Paulo Ramos (RJ), contrário à PEC, saiu gritando com André Figueiredo (CE), ex-líder da bancada.
Desde o fim da sessão, o partido começou a ser cobrado pela postura. Candidato do PT à Presidência em 2018, Fernando Haddad lembrou que, naquele ano, “três dos quatro candidatos do PDT a governador que foram para o segundo turno declararam voto no Bolsonaro”. Ele tuitou: “Hoje, o partido assinou um cheque de R$ 90 bilhões para viabilizar sua reeleição. Não sei se tem conserto. Estrago monumental.”
Nas redes sociais, usuários associaram com ironia a PEC dos Precatórios, que limita o pagamento de uma dívida para a qual o governo não pode mais recorrer, à proposta de Ciro em 2018 de quitar débitos de consumidores no SPC.
Nos grupos de WhatsApp de apoio a Ciro, militantes discutiam nesta manhã sobre a posição da bancada federal. Alguns lembraram o caso de Tabata Amaral, que, então no PDT, votou a favor da reforma da Previdência em 2019 e foi perseguida dentro da legenda até abandoná-la neste ano.
Fonte: Blog Zé Dudu