sexta-feira, 22 de novembro de 2024

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Em três meses, 12 profissionais do Mais Médicos desistiram de atuar no Pará

Onze municípios do Estado perderam profissionais do programa.

Desde o fim da cooperação com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), 8.517 médicos brasileiros começaram a fazer parte do programa Mais Médicos em diversos estados do país, sendo 7.120 com CRM (Conselho Federal de Medicina) nacional e 1.397 do exterior. Do total de médicos com CRM do Brasil, 261 vieram para o Pará.

O panorama de três meses do programa, porém, não é nada animador: até o início desse mês, 1.052 profissionais com CRM Brasil já haviam desistido da atuação. O perfil com maior volume de saídas é o de cidades com 20% ou mais da população em extrema pobreza (324 desistências ou 31% do total). Em seguida, estão capitais e regiões metropolitanas, com 209 desistências (20%).

De acordo com o Ministério da Saúde, das 1.052 desistências, 12 foram no Pará. Essas desistências no Estado ocorreram, até agora, em 11 localidades: Almeirim (1), Belém (1), Belterra (1), Bragança (1), Curralinho (1), Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) Guamá-Tocantins (1), Nova Timboteua (1), Parauapebas (1), Rio Maria (1), Tomé-açu (1) e Tucuruí (2). Algumas dessas desistências representam perdas imensuráveis para as localidades, como a DSEI Guamá-Tocantins, que, apesar de perder apenas um profissional, depende quase que integralmente do programa para possuir médicos na região.

POSICIONAMENTO

A Secretaria de Saúde do Pará (SESPA) foi procurada pela equipe de reportagem para saber quantos médicos com CRM Brasil os municípios acima haviam recebido. Em nota, a Sespa explicou que as homologações dos médicos do programa “Mais Médicos” ainda estão sendo realizadas nos municípios. “Por esse motivo, o Ministério da Saúde (MS) ainda não notificou oficialmente a Sespa sobre quantos médicos efetivamente assumiram nos municípios desde que o edital Nº 18, de 19 de novembro de 2018, e o edital Nº 22, de 7 de dezembro de 2018, foram abertos. Da mesma forma, a Sespa não foi notificada oficialmente sobre desistências”. A Secretaria ainda disse que “isso também ocorre porque a Sespa não tem acesso permitido ao Sistema de Gestão de Pessoas (SGP), por se tratar de um sistema restrito e de uso exclusivo do Ministério da Saúde”.

Questionado sobre as vagas que ficam em aberto, o Ministério da Saúde informou que elas “poderão ser ofertadas em novas fases do provimento de profissionais”. Essas fases, segundo o órgão, ainda estão em análise.

O órgão ainda foi questionado sobre o que será feito de forma a emergencial às áreas como as DSEIs, que representam a maior preocupação pela dificuldade de encontrar médicos dispostos a entender os povos indígenas e, ao mesmo tempo, dependerem quase que integralmente do programa para possuir médicos. Sobre isso, não obtivemos retorno.

MAIS MÉDICOS NO PARÁ

Além dos médicos com CRM Brasil, que totalizam 259 com as recentes desistências, o Pará também recebeu, pelo programa, 265 médicos brasileiros formados no exterior. Ao todo, até o momento, são 514 médicos do programa no Estado. O Ministério da Saúde ainda divulgou se já houveram desistências do grupo de médicos brasileiros formados no exterior, já que as atividades efetivas desses profissionais só iniciaram nos últimos dias. Nesse intervalo, ainda não houve um novo balanço.


EM NÚMEROS

  • O programa Mais Médicos disponibilizou, segundo o Ministério da Saúde, 526 vagas para o Pará. Essas vagas, antes, eram ocupadas por médicos da cooperação com Cuba;
  • Das 526 vagas para atuação no Pará, 261 foram inicialmente preenchidas por médicos brasileiros com CRM Brasil. As vagas que sobraram (265) foram preenchidas por brasileiros formados no exterior;
  • Até agora, o único cálculo de desistências feito leva em consideração, apenas, os médicos com CRM Brasil. Considerando esse grupo, em três meses, 1.052, a nível nacional, desistiram. O Pará registrou 12 desistências;
  • Com essas desistências, o Pará conta, agora, com 514 médicos;
  • Ainda não há como saber o número de desistência dos médicos brasileiros formados no exterior, pois eles finalizaram a fase de acolhimento há pouco tempo, sendo assim, iniciaram efetivamente as atividades nos últimos dias e as possíveis desistências ainda não foram contabilizadas.

 

 

Fonte: OLIBERAL.COM