O modo de agir dos integrantes da quadrilha de roubos a bancos mortos em Varginha (MG) no domingo (31) é denominado como “domínio de cidades”. Neste tipo de prática, os criminosos utilizam práticas para impedir que as forças de segurança possam reagir e também colocam em risco a população.
A explicação é do comandante do Batalhão de Operações Especias (Bope), tenente-coronel Rodolfo César Morotti Fernandes. Em entrevista ao g1, ele explicou que a ação dos homens mortos no Sul de Minas é diferente da chamada de “novo cangaço” e é, na verdade, a denominada “domínio de cidades”.
“Nesse contexto de atuação criminosa, o ‘novo cangaço’ subintende a ações de menor vulto. Ações de quadrilhas menores, com menor poderio bélico e em cidades menores”, disse.
“O domínio de cidades seria uma evolução do novo cangaço, seria uma forma mais violenta, com mais material empregado, mais efetivo por parte dos criminosos. Ou seja, onde ele teria que dominar a cidade impedindo uma reação imediata da força de segurança, onde ele teria tempo para concretizar a ação criminosa. Basicamente a diferença entre novo cangaço e domínio de cidades seria isso: a quantidade de agentes e esse ânimo em impedir qualquer reação por parte da força de segurança local”, completou.
Para impedir que os integrantes da quadrilha pudessem agir em Varginha, o comandante do Bope revela que foram coletadas informações que levaram às forças de segurança a anteciparem a ação dos homens.
“Com base nas informações e com o efetivo de unidades especializadas, nós conseguimos frustrar essa ação com antecedência. Ou seja, eles não conseguiram concretizar o domínio da cidade, o que dificultaria uma ação de resposta. Nós conseguimos abordá-los em uma situação antecipada, onde eles não estavam ainda preparados para o momento crucial da atuação. Tinham armamento, tinham a capacidade de responder, mas não em um nível já da ação de resposta. Preparado mentalmente, pronto para qualquer confronto. Foi uma ação exitosa, pois ela ocorreu de forma integrada e o desfecho foi extremamente positivo”, falou.
O tenente-coronel salientou que durante a ação nenhum civil ou policial ficou ferido no confronto com os integrantes da quadrilha.
“Pode se entender que o resultado de 25 óbitos tenha sido algo negativo, mas preferimos entender que evitamos o domínio da cidade, pessoas serem feitas reféns ou terem suas vidas ceifadas, inclusive também dos policiais que por ventura viessem a responder essa ação”, disse.
Operação e confronto
A operação conjunta entre Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal e Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) resultou na morte de pelo menos 25 suspeitos de pertencerem a uma quadrilha roubos a bancos neste domingo (31) em Varginha (MG). De acordo com a PM, os suspeitos seriam especialistas neste tipo de crime.
Durante entrevista coletiva na tarde de domingo, o Bope confirmou o número oficial de 25 mortos no confronto. No entanto, a EPTV Sul de Minas, Afiliada Rede Globo, obteve a informação de que 26 corpos foram transferidos para o IML em Belo Horizonte, o que foi confirmado pela Polícia Civil posteriormente. No entanto, a polícia ainda não passou mais dados de quem seria essa 26ª vítima. Todos os envolvidos tinham entre 25 e 40 anos.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, os confrontos com os homens ocorreram em dois sítios diferentes localizados em duas saídas da cidade. Na primeira, os suspeitos atacaram as equipes da PRF e da PM, sendo que 18 criminosos morreram no local. Em uma segunda chácara, conforme a PRF, foi encontrada outra parte da quadrilha e neste local, após intensa troca de tiros, sete suspeitos morreram.
Ao todo foram apreendidas 26 armas, dois adaptadores, 5.059 munições, 116 carregadores, capacetes à prova de balas, explosivos diversos, 12 coletes balísticos, sete rádios comunicadores, 12 galões de gasolina de 18 litros cada e quatro galões de diesel de 100 litros cada. Entre as armas, havia um ponto 50, além de fuzis e granadas. Pelo menos 12 veículos roubados que estavam com a quadrilha foram recuperados.
A Polícia Militar de Varginha revelou que os suspeitos haviam alugado um sítio na região do bairro rural da Flora para ficarem perto do Batalhão da PM e assim realizarem a ação.
Fonte: G1