O Ministério de Minas e Energia anunciou que, até o final desta sexta-feira (6), cerca de 70% do fornecimento de energia elétrica do Amapá deveria ser retomado. Porém, apenas duas cidades retomaram a energia, parcialmente, e com racionamento: Macapá e Santana. O Governo do Estado do Amapá decretou calamidade pública.
As prioridades serão hospitais e serviços essenciais. A notícia chega como um alívio aos 13 municípios (de um total de 16 do estado) que vivem uma situação caótica e desesperadora. Os problemas vão da violência ao desabastecimento e falta de atendimento em saúde.
Nos anúncios do MME, via Secretaria Especial de Comunicação do Governo Federal (Secom), há uma série de medidas sendo tomadas para a rápida solução da crise. Os testes em um transformador emergencial da subestação paralisada, após ter sido atingida por um raio na terça, já foram concluídos. Porém, o equipamento precisava de outras máquinas para purificação de óleo. Um deles já está na subestação e funcionando. Por isso, a energia deveria retornar ainda nesta sexta.
Dois aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) levaram mais equipamentos. Um deles com mais dois purificadores de óleo, do Maranhã a Macapá. Outro com quatro geradores de Manaus a Macapá, para operação emergencial.
O governador do Pará, Helder Barbalho, anunciou o empréstimo de uma aeronave do Estado para auxiliar atendimentos de saúde, além do envio de água mineral e cestas básicas. Por determinação do Governo do Pará, a Cerpa vai doar água mineral e refrigerantes.
Amanhã de manhã saíra uma aeronave do Estado com destino ao Amapá, levando 7mil copos de água de 200ml e mil cestas básicas. Conforme tinha conversado com o governador @waldezoficial, sempre que possível, o @GovernoPara ajudará nossos irmãos amapaenses neste momento tão difícil.
— Helder Barbalho (@helderbarbalho) November 6, 2020
A solução final, que restabelecerá, definitivamente, a energia no Amapá, tem previsão variável. O MME já falou em 15 ou 30 dias. Nesta sexta, o ministro Bento Albuquerque falou em 10 dias. O fato é que há uma movimentação política para adiamento das eleições no Estado.
Apenas três municípios não foram afetados, pois são abastecidos por outros sistemas elétricos: Oiapoque, Vitória do Jari e Laranjal do Jari.
CONFIRA O FIO COMPLETO DAS MEDIDAS DO GOVERNO FEDERAL NO TWITTER:
O Governo Federal atua desde o início da crise energética no estado do Amapá para restabelecer o fornecimento de luz e permitir a volta à normalidade. pic.twitter.com/ggNdEtuyST
— SecomVc (@secomvc) November 6, 2020
Redes sociais se tornaram canal dos pedidos de socorro do Amapá
Desde a noite de terça-feira (3), quase 90% da população do estado do Amapá está sem energia elétrica. Em 48 horas, o estado entrou numa complicada crise humanitária, social e econômica. Diante da falta de notícias sobre a situação na imprensa nacional, uma rede de apoio se formou nas redes sociais digitais para cobrar o Governo Federal por soluções. Entre alguns famosos que pedem ajuda estão Felipe Neto e Whindersson Nunes. Poucos amapaenses conseguem comunicar a situação de dentro.
ATENÇÃO @jairbolsonaro
Tome vergonha na cara e faça seu trabalho! A população do Amapá está em perigo! Convoque a força nacional, faça o que for preciso, TOME UMA ATITUDE URGENTE!!!
Por favor, assistam o relato do Marco Antônio e compartilhem!!! pic.twitter.com/gquaSVK7Ik
— Felipe Neto 🇧🇷🏴 (@felipeneto) November 6, 2020
Há risco de desabastecimento, pois alimentos estragaram sem refrigeração. Água mineral ou potável já praticamente está esgotada para compra. Falta combustível e há filas para produtos de primeira necessidade, que rapidamente se esgotam, sobretudo os que estão sendo doados. Pessoas estão incomunicáveis com família e amigos, pois serviços de telefonia e internet estão quase totalmente paralisados. Nos hospitais, os geradores chegam ao limite, podendo levar ao colapso das redes pública e privada.
Nas redes sociais também surgiram fake news. Uma delas apontava que a estatal Eletronorte seria a responsável pelo problema. A empresa pública teve de divulgar um comunicado, explicando a que a responsabilidade é de uma empresa privada espanhola, a Isolux, que detém a concessão da Linhas de Macapá Transmissoras de Energia (LMTE). A Eletronorte informou que está ajudando a encontrar uma solução para a crise.
Tá achando as contagem de votos dos eua lenta pq não viu a lentidão pra voltar a energia elétrica no Amapá, só não passam 3 dia no escuro total pq o sol não depende do governo, triste
— Whindersson (@whindersson) November 6, 2020
Há relatos de trabalhadores da empresa privada Isolux de que, desde dezembro de 2019, havia geradores com problemas e equipamentos com manutenção atrasada. Alguns trabalhadores não estavam recebendo pagamento por trabalho noturno e em finais de semana, inviabilizando alguns plantões e serviços. Nas redes, um novo debate sobre privatizações foi aberto.
(Victor Furtado, da Redação Fato Regional)