O Brasil faz fronteira com três grandes produtores mundiais de cocaína: Bolívia, Colômbia e Peru. Ainda que o Pará não esteja no perímetro fronteiriço, acaba sendo uma das principais rotas visadas por traficantes de drogas devido à grande extensão territorial, acessos por rios e estradas e possíveis pontos de exportação, diante da proximidade dos portos com outros países. Com base nessa realidade, o governo do Estado, por meio da Polícia Civil, põe em prática várias estratégias para fortalecer o combate ao tráfico nacional e internacional.
“O Rio Amazonas, a Rodovia Transamazônica (BR-230), assim como o porto de Vila do Conde, em Barcarena, que é um dos portos mais próximos da Europa e dos Estados Unidos, atrativo para essa modalidade criminosa, são exemplos de espaços em que intensificamos nossa atuação de combate ao tráfico. Os números dos últimos anos, com muitas toneladas de drogas apreendidas, demonstram a importância da nossa atuação, de forma integrada, com as demais forças de segurança do Estado, assim como a nossa articulação com a Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal”, destaca Ualame Machado, titular da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup).
De acordo com dados da Secretaria, de janeiro a dezembro de 2019 foram apreendidas 3,4 toneladas de drogas (cocaína e maconha) em todo o território paraense; em 2020, no mesmo período, o volume apreendido chegou a 10,9 toneladas de entorpecentes; em 2021, foram 10 toneladas, e em 2022 foram mais de 3,2 toneladas de drogas apreendidas. Tudo é incinerado após os procedimentos judiciais.
Apreensão – Na última quarta-feira (18), a Polícia Civil deflagrou a Operação “Rio Amazonas” e apreendeu aproximadamente 1,5 tonelada de entorpecentes e 12 toneladas de pescado, transportados em uma embarcação interceptada próximo ao Estreito de Óbidos, na região Oeste. Três tripulantes foram autuados em flagrante por tráfico de drogas, e ainda podem ser responsabilizados por crime ambiental devido às condições de acondicionamento e transporte do pescado.
“Interceptar essas drogas é fundamental porque tiramos o dinheiro do tráfico, o que, automaticamente, enfraquece o crime organizado. Esse dinheiro, provavelmente, seria investido em compra de armamento, reinvestido em mais drogas ou em outros tipos de crime, o que dificultamos a partir das apreensões”, informa o delegado Fausto Bulcão, titular do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc).
Investimentos – O titular da Segup ressalta ainda os avanços em equipamentos e estrutura física destinados ao combate ao tráfico de drogas. “Nós investimos em equipamentos de inteligência, visão noturna, visão termal. Na área fluvial, que é o principal corredor de droga no Estado, estamos com mais de 80 embarcações no Grupamento Fluvial (Gflu), sendo três delas blindadas, o que é importante no combate ao tráfico. Construímos a Base Fluvial ‘Antônio Lemos’, em Breves, e neste ano estamos iniciando o processo de licitação para mais duas bases fluviais, em Abaetetuba (região do Tocantins) e em Óbidos (Baixo Amazonas)”, informa o secretário.
Em 2022 foi registrada queda de 28% nos crimes praticados em área fluvial, em comparação ao mesmo período de 2021.