quinta-feira, 25 de abril de 2024

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Estudantes de faculdade particular em Xinguara dizem estar sem aulas práticas e com dificuldades nas aulas a distância

Em vídeo, as condições do polo Xinguara da faculdade mostram abandono. Alunos afirmam ter esgotado tentativas de solução no diálogo.
Polo Xinguara da Famap quando anunciado nas redes sociais está bem diferente atualmente (Foto: Reprodução / Instagram)

Um grupo de alunos da Faculdade Master do Pará (Famap) procuraram o Fato Regional para denunciar que o polo de Xinguara, no sul do Pará, está abandonado. Muitos estudantes fizeram planos e vêm pagando as mensalidades normalmente, apesar da crise econômica gerada pela pandemia de covid-19. Mesmo assim, o prédio-sede do município está inacabado e nada funciona no local. As aulas a distância não estão sendo feitas. E apesar da autorização para retorno de aulas presenciais em estabelecimentos particulares de ensino, essas aulas não estão ocorrendo.

No polo Xinguara deveriam funcionar os cursos de Direito e Enfermagem presenciais. E também ter apoio para funcionamento dos cursos de Administração e Biomedicina, na modalidade de Educação a Distância (EAD). As turmas que entraram em 2020, tiveram um primeiro momento de interrupção das aulas compreensível. Afinal, a pandemia de covid-19 pegou o planeta inteiro de surpresa.

Ao passo que o mundo foi se adaptando a viver em meio à crise sanitária, incluindo no setor educacional, que foi severamente afetado, o mesmo não ocorreu com a Famap Xinguara, como reclamam os estudantes. Alguns sequer puderam conhecer a estrutura prometida no prédio inacabado. O aspecto de abandono começa do lado de fora, com mato alto e plantas crescendo pelas paredes. Há uma escada que nem foi concluída e não há qualquer apoio presencial.

Estudante diz que Xinguara tem um “polo fantasma” da Famap

“Nesta semana, as aulas presenciais foram retomadas, mas só em Parauapebas. As aulas deveriam ter sido transmitidas, mas nem isso foram. Pagamos por um curso presencial em Xinguara, mas estamos sem professores, coordenadores, secretarias…. nada no local em Xinguara. Na prática, a faculdade não existe em Xinguara. É um polo fantasma. Alugaram um prédio, colocaram a placa, fizeram propaganda com digital influencers daqui da região, prometendo várias coisas que não existem”, critica uma estudante do curso de Enfermagem, um curso que possui muitas disciplinas práticas presenciais. Ela representa outros colegas do curso.

 

Confira um dos vídeos de uma digital influencer da região sobre a faculdade

 

A aluna reconhece que foram feitas duas reuniões que tiveram inclusive a participação da diretora-geral da Famap, Genecy Roberto dos Santos Bachinski. Em nenhuma chegaram a um acordo. As atas das reuniões, diz a aluna, não condizem com a realidade da reunião e o vídeo do último encontro, em abril, não é disponibilizado.

“Não sabemos a quem recorrer. Se reclamamos com os professores, eles mandam procurar a coordenação, secretaria, mas ninguém mais nos responde. Eles pararam de nos atender. Estamos tendo aulas, mais ou menos, on-line, com os professores de Parauapebas. Mas e as aulas práticas? E a estrutura em Xinguara? Nos ofereceram até passar uns dias em Parauapebas para assistir aulas lá, mas não temos como pela distância. Não é tão fácil assim. Eu, por exemplo, mudei toda a minha vida para poder cursar em Xinguara e investi muito para não ter o retorno esperado. A sensação é de que era propaganda enganosa”, critica a estudante.

Diretora-geral da Famap afirma que o diálogo com os alunos está aberto e garante estar protegendo pessoas da covid-19

Por telefone, a professora Genecy Roberto dos Santos Bachinski, diretora-geral da Famap, disse ter conhecimento da reclamação dos alunos e saber quem são. Reforça que já houve reuniões com os estudantes e que foram garantidas que as aulas práticas serão repostas assim que for seguro novamente. Contudo, criticou a postura dos acadêmicos e os chamou de “agressivos”, “insistentes” e “amargurados por experiências negativas com outras instituições de ensino que não são sérias”. Também reclamou que está sendo perseguida pelos estudantes com ligações constantes.

Abaixo um print de uma notícia extraída do site da faculdade, publicada no dia 25 de maio do ano passado. Pode ser vista clicando aqui.

 

“Estamos abertos a continuar conversando com os alunos, mas não podemos ficar respondendo provocações por WhatsApp. Temos canais de atendimento e o que eles querem não é possível. Mesmo em prejuízo, não vamos expor professores e funcionários a risco em meio à pandemia. Há atendimento a distância, as aulas on-line estão no sistema e vamos sim repor todas as aulas práticas quando for seguro, inclusive as aulas de estágio na UPA 24 horas, que eles não podem ir assim tão facilmente, pois será preciso apólices de seguro. Temos respaldo jurídico para optar por não termos aulas presenciais neste momento”, argumentou Genecy.

A reportagem tentou ligar para todos os telefones disponíveis para atendimento aos alunos de Xinguara. Nenhum atendeu. Um dos números nem existe. A entrevista com a diretora-geral da Famap ocorreu após um contato com a sede em Parauapebas. Após a entrevista com a senhora Genecy, os estudantes dizem que foram procurados pela direção para novos acordos. Alguns aceitaram, outros não. O diálogo entre as partes segue, ainda que algumas pessoas se sintam tão frustradas e lesadas que já pensem em buscar assistência jurídica ou em órgãos de defesa do consumidor.


(Victor Furtado, da Redação Fato Regional)

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