Autoridades europeias pretendem acelerar os testes de vacinas para Covid-19 contendo organismos modificados geneticamente, disseram duas fontes da União Europeia à Reuters, uma medida que pode ajudar vacinas desenvolvidas por empresas farmacêuticas como AstraZeneca e Johnson & Johnson.
Espera-se que a Comissão Europeia apresente os planos já na próxima semana. Eles são parte de uma estratégia mais abrangente da UE que visa obter doses suficientes de uma possível vacina para o bloco, que teme ficar atrás dos Estados Unidos e da China.
A reforma deve diminuir o poder dos países-membros de impor exigências adicionais às farmacêuticas quando estas realizam testes clínicos de remédios e vacinas que contêm organismos modificados geneticamente (GMOs), de acordo com as fontes.
Em alguns países, como Itália e França, por exemplo, os tratamentos precisam receber autorização dos departamentos de meio ambiente ou pesquisa do governo, e também das autoridades de saúde, segundo regras que têm mais de 20 anos e também cobrem a área mais publicamente delicada de criação de GMOs.
Há tempos isto vem causando gargalos na indústria farmacêutica, que depende cada vez mais da engenharia genética.
Tais atrasos poderiam ser particularmente problemáticos agora que a Europa pode ter que acelerar os testes rapidamente, disse uma autoridade da Comissão Europeia, alertando que algumas das vacinas contra Covid-19 mais promissoras em desenvolvimento contêm GMOs.
O porta-voz da Comissão Europeia, o Executivo da UE, não quis comentar.
A Vaccines Europe, que representa muitas grandes farmacêuticas, como AstraZeneca, Sanofi, Pfizer, GSK e Novavax, afirmou que as mudanças planejadas criariam uma competição equilibrada entre vacinas que contêm GMOs e as que não contêm.
“Os GMOs são muito específicos das poucas vacinas baseadas em vetores do adenovírus”, disse Michel Stoffel, da Vaccines Europe, à Reuters, citando aquelas desenvolvidas por AstraZeneca e Johnson & Johnson JNJ.N entre as que contêm GMOs e que se beneficiariam das mudanças.
Os adenovírus causam a gripe comum e outros vírus replicantes. Eles almejam introduzir um gene do novo coronavírus no corpo para provocar uma reação imunológica e protegê-lo de uma exposição subsequente.
Na semana passada, os EUA identificaram cinco empresas como as candidatas mais prováveis para produzir uma vacina contra o coronavírus: as norte-americanas Johnson & Johnson, Moderna, Merck, Pfizer e a britânica AstraZeneca, que está trabalhando com a Universidade de Oxford.
Fonte: O Liberal, por Reuters