João Cleber Torres chega ao final do segundo mandato como prefeito de São Félix do Xingu. E até o último dia, se manteve dando expediente e trabalhando pelo maior município do Sul do Pará. Numa entrevista exclusiva ao jornalista Victor Furtado, do Fato Regional, ele fez uma série de análises sobre o que a gestão dele conquistou, quais projetos estão em andamento para o próximo prefeito e anunciou uma breve pausa na política, sem descartar um retorno.
Durante a entrevista, João Cleber reconheceu ter ficado triste com o resultado das urnas, mas que jamais irá torcer contra o próximo prefeito. Afirmou que vários projetos estão em andamento e com dinheiro em caixa para conclusão, que serão inaugurados já na próxima gestão. Ele disse que espera que a prefeitura seja assumida com o mesmo compromisso e vontade que ele assumiu em 2021, mantendo o ritmo de crescimento e desenvolvimento.
Confira a entrevista completa:
FATO REGIONAL: O senhor considera que seu mandato foi bem-sucedido nestes últimos quatro anos?
JOÃO CLEBER: Antes de qualquer coisa, eu preciso agradecer. Agradecer pelos 14.046 votos que recebi nas eleições deste ano, aos servidores de São Félix do Xingu, aos secretários que estiveram comigo e aos vereadores da câmara municipal. E a três grandes parceiros: o governador Helder Barbalho; o deputado Torrinho, meu irmão; e ao deputado Priante. Foi graças a todas essas pessoas que pudemos ter uma gestão que foi sim bem-sucedida, que conquistou muitas coisas para nosso município, marcada por grandes obra — algumas delas históricas — e até premiações. Eu sinto muito orgulho de tudo o que fizemos, foi um mandato muito melhor do que o meu primeiro e só lamento não ter tido mais tempo para fazer muito mais e terminar outros projetos que ainda estão em andamento, mas que devem ser concluídos já no ano que vem. Acredito que alcançamos um ritmo de desenvolvimento que não pode mais parar. E como sempre digo: administrar uma cidade de 84 mil km² de área, com distritos afastados e a centenas de quilômetros da sede não é tarefa para amadores e aventureiros. É trabalho sério, que exige muito compromisso e respeito com o dinheiro público.
FR: Quando o senhor fala de conquistas históricas, se refere à ponte sobre o rio Fresco e a que mais?
JC: A ponte com certeza era um sonho. Uma promessa feita por vários outros prefeitos, mas que ninguém nunca conseguiu tirar do campo das ideias. E neste mandato eu estabeleci isso como meta e fui atrás do nosso grande parceiro, o governador Helder Barbalho. Apresentamos o projeto, mostramos a importância e ele comprou a ideia, pois viu o potencial social e econômico da obra, que hoje está entregue e beneficia praticamente metade da população de São Félix do Xingu, além de moradores de outros municípios que têm terras aqui ou fazem negócios com os nossos produtores, além de dar mais segurança e mobilidade ao povo. Chega de travessias de balsas caras, inseguras. E falando em segurança, tivemos outros sonhos realizados: trouxemos o 36º BPM para a cidade e demos início à Patrulha Rural, com treinamento, armamento, viaturas novas; conseguimos a Superintendência Regional do Alto Xingu da Polícia Civil, junto com uma Delegacia da Mulher e outra especializada em crianças e adolescentes (Deam/Deaca); um núcleo de investigação avançado; e finalmente temos um grupamento do Corpo de Bombeiros. Hoje temos uma unidade do Hemopa e postos de atendimento com consultas por telemedicina. Claro, tudo teve apoio do Governo do Estado, mas nós é que fizemos os projetos, cedemos espaço, articulamos, apoiamos e conseguimos.
FR: O senhor sempre fala da parceria com o governador Helder Barbalho e que muitas conquistas foram articuladas junto a ele, assim como o deputado Priante e o deputado Torrinho. Que outras parcerias poderiam ser citadas?
JC: Não existe governo e trabalho sozinho. E realmente é graças a eles, a quem parabenizo pelo trabalho e agradeço pela parceria, que pudemos alavancar São Félix do Xingu a um nível que nunca tivemos antes. Com o Governo do Pará, tivemos muitas ações sociais também, como 1 mil cheques “Sua Casa” e praticamente todo o setor Liberdade foi beneficiado e reconstruído graças ao programa. Tivemos mais de 8 mil cestas básicas distribuídas pra famílias em situação de vulnerabilidade, como as que foram retiradas da Apyterewa e as atingidas pela estiagem. Torrinho apoiou e articulou projetos junto ao governo e à Alepa, além de conseguir ambulâncias e, junto com ele, que é meu irmão, mantemos transporte aéreo gratuito com o avião que temos e apenas para ajudar o povo. O deputado Priante trouxe emendas que permitiram a reforma da Feira de Quarta-Feira, pavimentação, abastecimento de água no São José, saneamento na sede do município, urbanização de bairros inteiros, a rodoviária — maior e mais moderna do Sul e Sudeste do Pará — , vicinais da Belauto, muro de arrimo da nova orla… é muita coisa para listar.
FR: Com a mudança de governo federal, houve algum avanço?
JC: Sim, pois conseguimos com o ministro Jader Filho 450 unidades do programa “Minha Casa, Minha Vida” na área urbana e mais 79 para a zona rural. Também com ajuda de emendas e programas de governo, não só federal, mas também estadual, avançamos na cultura, com editais para os produtores, shows, lives, programações especiais de verão, final de ano e eventos diversos. Conseguimos o único equipamento MocCEU da região pelo Ministério da Cultura, que permite levar cinema e teatro até as áreas mais afastadas e também apoios estaduais e federais para o esporte e participação de nossos atletas em competições interestaduais. Sediamos inclusive o Campeonato Ruralzão, que movimentou mais de 1 mil atletas. Reequipamos e melhoramos a UPA, unidades de saúde básicas e hospital municipal. Conquistamos UTI aérea e outros avanços, então houve sim muitas mudanças positivas. É preciso trabalhar e ir buscar esses recursos, elaborar projetos e negociar. Temos uma equipe muito boa e por isso conseguimos aprovar todas as propostas que fomos apresentando.
FR: Quais outras obras em andamento o senhor também considera importantes?
JC: Do que está em andamento, uma que representa muito como nosso município agora merece respeito é a nova maternidade, que será a maior e mais moderna do Sul e Sudeste do Pará, com recursos federais e que outros gestores da região não queriam que fosse em São Félix do Xingu por acharem longe. Aqui não é mais o fim da linha. É o início da linha e esse hospital vai atender não só a nossa cidade, mas vai atender outras da região também. Foi uma briga, mas conseguimos. Também teremos uma Usina da Paz, que é considerado um dos maiores projetos sociais da América Latina, que vai atender da criancinha ao idoso, com serviços de educação, saúde, cultura, esporte, lazer e cidadania. A princípio, muita gente discordou do local escolhido para a construção da UsiPaz, que é entre os setores Triunfo e Solar das Águas, mas fizemos muitas análises e por esses serem bairros mais vulneráveis, era o ideal que ficasse perto deles. E ainda: a Escola de Ensino Tecnológico no setor União, que vai ajudar a formar profissionais técnicos numa estrutura com 12 salas e equipada com oficinas, laboratórios. Uma outra ainda deve ser construída na Taboca. Novas creches estão em fase de elaboração para zerar a demanda. São obras há muito tempo aguardadas e que em breve serão realidade, mas começaram no nosso governo. Temos ainda projetos em andamento de uma agência da Caixa e teremos as primeiras torres 5G da região da PA-279. Tudo isso é histórico.
FR: Em relação aos distritos, que como o senhor mesmo disse, são afastados a centenas de quilômetros e demandam muita atenção do poder público, o que se pode dizer que mudou?
JC: Para começar, o que mudou é que eu proibi qualquer servidor ou secretário de fazer “parcerias” que só sacrificavam colonos para dar andamento a obras nas zonas rurais e distritos. Não pedimos um real, uma tábua, um prego ou gota de combustível, o que era uma prática recorrente. Foi ordem que usássemos nossos recursos, do tesouro municipal ou fizéssemos convênios para levar alguma obra. E conseguimos levar asfalto, bloqueteamento e recuperação de vicinais para Sudoeste, Lindoeste, Ladeira Vermelha, Taboca, Teilândia, Nereu, Belauto, nas aldeias indígenas, nas comunidades ribeirinhas e até nos assentamentos federais, como PA Tucumã e Gleba Maguary… nós tivemos trabalho em todas as regiões de São Félix do Xingu. Construímos mais de 1,6 mil metros de pontes de bate-estaca e fizemos integrações com mais de 12 mil bueiros de manilhas de concreto. Os maiores distritos estão com projetos ou obras em andamento de quadras de esportes — tivemos a do Nereu e da Taboca —, creches, escolas, unidades de saúde, delegacias mais próximas e fizemos várias ações itinerantes para levar serviços de saúde e cidadania para as áreas mais afastadas. O povo dos distritos não está mais isolado e abandonado. Em 2022, chegamos ao pico de 42 convênios em andamento com o governo e se hoje temos 106 veículos na nossa frota de maquinário, foi esforço nosso. Agora, quando precisamos de alguma intervenção, já temos nosso próprio equipamento para fazer o serviço com recursos próprios, muito diferente das sucatas que encontrei quando assumi em 2021.
FR: Ainda falando sobre o rural, o que se pode dizer sobre o agro de São Félix do Xingu?
JC: Tivemos algumas das maiores entregas de títulos de terras da história, para dar legalidade e segurança jurídica aos nossos produtores e digo que é muito importante que todos os demais procurem o Iterpa e demais órgãos e busquem sua regularização. Isso é o futuro e vai ser uma exigência daqui para frente. E esse é um gargalo com o qual eu estava trabalhando junto ao deputado Torrinho e o governador Helder, junto ao governo federal, para ajudar a encontrar solução. A Gleba Maguary e o PA Tucumã são uma questão que há 40 anos se tenta resolver. E infelizmente tivemos muitas operações que acabaram massacrando e criando marcas indesejáveis, mas por conta de pessoas de fora que vieram explorar nosso município sem o devido respeito, pensando que era uma terra sem lei e os nossos bons produtores acabaram pagando por isso. Nossos esforços combinados com o governador Helder evitaram uma intervenção federal em São Félix do Xingu. Já na parte positiva, vejo que o agro recuperou seu orgulho e começamos a tirar os estigmas e ataques. Somos o município com o maior rebanho bovino do Brasil, avançamos na produção de cacau e estamos tendo uma crescente na produção de milho e soja. O minério também está abrindo novas oportunidades. Nossos pequenos produtores foram fortalecidos com apoio e assistência técnica com a Emater, doação de mudas, cursos e o Programa de Aquisição de Alimentos. Conseguimos a inauguração da Casa do Produtor, que reúne diversos serviços centralizados para facilitar a vida dos produtores, como Semas, Sedap, Iterpa e o próprio sindicato rural. Há projetos em São Félix do Xingu que participaram do programa Selo Sebrae.
FR: Qual seu recado final para o povo de São Félix do Xingu para 2025 e para o novo prefeito?
JC: Eu tive o prazer de governar esta cidade que eu tanto amo. Deixo meu mandato com a sensação de dever cumprido, com contas aprovadas, dinheiro em caixa, premiações como o Selo Unicef e Selo Diamante do TCM por transparência pública, servidores com salários em dia e a visão de que nossa cidade cresceu e mudou muito e para melhor. Hoje temos um comércio pujante, aquecido, com lojas que antes só víamos em Redenção ou outros municípios maiores. Estou orgulhoso de terminar meu trabalho sem abandonar nada e deixar muita coisa em andamento. Não torço contra e não sou do time do “quanto pior, melhor”. Vivemos numa democracia e o povo fez uma escolha que vai analisar e fiscalizar e comparar ao final de quatro anos. Desejo um bom governo ao próximo prefeito, que ele mantenha o ritmo de desenvolvimento que estabelecemos e lanço um desafio: faça o mesmo tanto ou faça mais porque o povo e a nossa cidade merecem. As condições, dinheiro, parcerias e projetos nós temos. Agora é seguir. Por ora, vou dar uma pausa para descansar, ficar com a família, seguir apoiando o governador Helder e o meu irmão, deputado Torrinho, e se o futuro — que só a Deus pertence — disse que seja para eu voltar, eu volto. Muito obrigado ao povo, a Deus e a todos que confiaram no meu trabalho. Feliz 2025 e até a próxima!
(Victor Furtado, da Redação do Fato Regional)
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